SAUDADE DO CHEIRO DO CIGARRO
O texto a seguir, entre aspas, não é meu. Foi copiado do site do Dr. Dráuzio Varella, médico oncologista e maratonista aos 80 anos e que foi fumante por longo tempo. Inclusive atendia pacientes de câncer no pulmão tendo o maço de cigarros no bolso da camisa. "O fumante atravessa cinco fases para parar de fumar. Infernizar a vida do fumante é mau método para fazê-lo deixar de fumar. Ele é o primeiro a reconhecer os malefícios do fumo e só não larga porque não consegue: a nicotina provoca a dependência química mais feroz de todas as drogas As pessoas, conscientes do sofrimento que o cigarro traz, ficam desesperadas para convencer familiares e amigos a abandonar o vício. Nós, médicos, muitas vezes fazemos o mesmo com os pacientes que nos procuram. No caso da dependência de nicotina, esse desespero para livrar pessoas queridas do sofrimento que o fumo lhes causará é, com frequência, contraproducente. Cometi esse erro com meu pai, com meu irmão e com inúmeros pacientes até conhecer mais sobre as fases que todo fumante atravessa durante o doloroso processo que o conduz a livrar-se da nicotina".
A minha mãe foi fumante por 73 anos, dos 13 aos 86. Eu sempre odiei o cheiro de cigarro. Quando visitava a Dona Rosa, assim que eu chegava, ela acendia um e dava gostosas baforadas que infestavam o ambiente, especialmente no inverno com as janelas fechadas. Eu não reclamava, pois entendia o prazer que fumar lhe propiciava. Hoje sinto saudade daquele cheiro, da sua voz, daquela presença forte e querida, tão presente e ausente ao mesmo tempo.