NADA DE IMPLANTE, AGORA SÓ QUERO ALISANTE
* Uma fábula atual e nada pessoal*
Meu amigo Vitor Enrique formou-se dois anos antes de mim, em 2001. Foi um ano terrível, não só no campo pessoal, mas em nível nacional e internacional também. Derrubaram as torres gemêas e o mundo ficou mais amendrotado do que nunca. Lula, já em 2002, foi mais eficiente que uma superdose de Viagra, já que a cotação das verdinhas subiram e permaneceram lá em cima por muito tempo, com a promessa de sua eleição.
Vitor, vinha de uma família humilde, sem muitos recursos, porém seus pais, apesar do pouco tempo gasto num banco de escola, possuíam uma mentalidade e visão bastante progressistas. Diziam sempre ao seu filho:
"Amado filho, não importa o quanto os outros digam o quanto você vale, e sim o quanto você sente que vale". Se um dia, alguém quiser tirar proveito de você, reaja e não admita isso da forma mais clara possível, sem meias palavras, mas com todo o respeito. Verás que somente tentarão isso com você uma única vez".
Dizem que foi o maior legado deixado pelos seus pais: o respeito e amor próprios. Ambos eram imigrates e sofreram na carne as consequências da intolerância no país de origem.
Por não poder pagar uma faculdade, Vitor optou por algo mais light, sem ter que estudar tanto e gastar uma fortuna em material didático. Os instrumentos eram, talvez, os mais simples possíveis: uma tesoura e um pente. Mesmo tendo que trabalhar duro durante o dia, vendendo sapatos ou material de informática, ele não faltava à aula mesmo estando a beira do esgotamento físico. O curso de cabaleireiro não era muito caro e ainda por cima ele podia dar em cima das futuras colegas de trabalho. O único problema era escapar das investidas de alguns companheiros de classe que insistiam em achar que Vitor era gay. Vitor só não saiu com Marleide, de tão feia e desajeitada, mas quem sabe se com um pouco mais de álcool ele não emplacava o último bastião de sua classe. Ele nunca tentou uma aproximação....e nem quis.
Eu, cursei odontologia na melhor faculdade da país, segundo alguns, a quarta ou quinta segundo outros. Com o tempo, percebi que isso não importa muito, pois a qualidade dos cursos estavam bem nivelados...por baixo. O ensino da odontologia podia ser comparado a um enorme iceberg: a grande massa, o que está por baixo do nível dágua, deixa a universidade sem ao menos aplicar uma anestesia com segurança. A pontinha dessa montanha gelada, compõe-se de nerds esforçados e que buscaram tirar mais do que era oferecido nos bancos universitários. Os livros, caríssimos, sem contar aquela malinha plástica, geralmente com o nome de alguma dental e pesando pelo menos 5 quilos. Dava para usar como lastro numa pequena embarcação, de tão pesada que era.
As meninas então, todas cheias de frescurinha, com roupas de grife, carro do ano e um celular de última geração. Não levei para cama nem mesmo a Dorotéia, que de tão feia e mal acabada, achavam que fosse um clone da Margareth Thatcher, morrendo de cefaléia ( na verdade a rima era com uma infecção um pouco mais abaixo do Equador...). Saí bastante, porém com as louquinhas e divertidas alunas do curso de psicologia. Elas são "louquinhas" por um homem de branco e gostam de se divertir......muito mesmo!!!!
Vitor formou-se antes de mim e logicamente começou a ganhar seu próprio dinheiro, dois anos após ingressar no SENAC. Trabalhou em alguns salões para ganhar experiência e aprender o caminho das pedras. No curso ele teve uma matéria chamada: empreendedor moderno. Foram 6 meses muito bem aproveitados. Nele, o professor ensinava como administrar um salão, desde a forma de tratar os fornecedores, até a confecção de relatórios de performance e lucratividade. Foi um breve curso de administração de pequenos negócios. Não entendo porque não temos esse tipo de curso na graduação, afinal um consultório dentário é sem dúvida um pouco mais complicado em termos de controles: de estoque, de vencimento de resinas, adesivos e por aí afora. Isso sem contar com as autorizações da ANVISA, do cuidado com o isolamento dos raios x e assim por diante.
Após um ano e meio, Vitor alçou seu primeiro vôo autônomo. Ele já se sentia apto a começar seu próprio negócio. Eu, ainda buscava forças e energia para os últimos exames. Graduei-me em Dezembro com umas olheiras que mais pareciam os olhos de um guaxinim.
A falta de tempo nos impossibilitou de encontros mais frequentes e com isso não soube muito da vida de Vitor. Amigos em comum diziam que ele ia muito bem. A clientela crescia em ritmo acelerado e a abertura de outros salões não demorou em acontecer. Antes de nosso reencontro, soube que ele já negociava algumas franquias. Vitor chegou rápido ao topo e não se esqueceu dos amigos. Um dia recebo um telefonema dele convidando-me para um happy hour num barzinho da Vila Madalena. Eu estava um pouco stressado, em função da pouca clientela e da grande quantidade de contas, principalmente do protético, que nunca acertava a cor das próteses e do técnico da cadeira, que insistia em me dizer que o problema era da corrente elétrica do consultório e não da péssima qualidade do produto dele. Foram 6 visitas e a cadeira continuava na mesma: parada. Também, fui economizar logo nas minhas ferramentas primordiais. Bem feito, deveria ter comprado um equipamento melhor e um carro mais barato, mas segui o conselho de outros dentistas: cadeira é tudo igual, compra a mais barata ". Pena que não dá para jogar a cadeira na cabeça deles....afinal a cadeira não merecia tamanha desonra.
Nos encontramos no salão que ele acabara de abrir em Moema. Lindo, de muito bom gosto, com recepcionistas muito bem vestidas e um atendimento VIP. Não acreditei quando o vi, ele parecia haver saído de um banho de loja. Belas roupas, cabelos impecáveis e um semblante tranquilo, daqueles que denotam uma vida cheia de prosperidade e saúde.
Nos sentamos para um drink, e enquanto ele preparava o scotch 12 anos tinindo de novo, eu admirava a sala dele, decorada com um bom gosto impressionante, sem exageros.
Começamos a conversa lembrando de nossos dias de adolescência, das namoradas e dos amigos que desapareceram sem deixar rastro. Eu tentei, mas não pude me conter. Reclamei dos parcos pacientes, que insistiam em tratar comigo, mesmo estando sempre atualizado, com dois cursos de especialização, pagos a preço de ouro. Dizia-lhe que os pacientes sempre me pediam para parcelar o tratamento, com vários cheques pré-datados, fora os borrachudos, que de tanto voltarem por falta de fundos, fizeram dos meus cabelos negros algo mais parecido com Valmor Chagas......até pensei em pedir-lhe conselhos sobre isso, porém não achei conveniente naquele momento. Disse-lhe que não aumentava os preços há seis anos, porém as anuidades do Conselho Federal e de outras entidades da odontologia aumentavam todos os anos, não importando os índices de inflação.
Vitor ouvia com atenção minhas queixas e num dado momento ele me interrompeu:
"Imagino o que você está passando, pois tenho várias clientes dentistas e as queixas são exatamente as mesmas. Acho que o problema está na atitude perante seus pacientes. Eu jamais parcelo meus serviços, apesar de ter mais concorrentes que você e a competição entre nós ser tão ferrenha quanto a sua. Sempre tenho algum produto novo ou técnica para mostrar aos meus clientes. Tento mostrar que os novos produtos e técnicas sempre trazem um benefício, porém isso acarreta num custo maior.
Meus clientes pagam pelo meu trabalho com satisfação, pois lhes dou o que eles procuram: atendimento VIP. Todo mundo gosta de ser bem tratado e sentir-se diferenciado, portanto pagam sem reclamar....e tem mais, ainda nos dão poupudas gorjetas!!!! Meu querido amigo, se você quer mais clientes, trate-os como se fossem reis e mostre que o teu tempo vale muito, proporcional ao valor do cliente. Quem cobra barato, subliminarmente está dizendo que o valor do trabalho é proporcional ao que foi cobrado. Se você quer conquistar e manter clientes, valorize-se. Pode ser que você perca alguns, mas os que ficarem serão seus enquanto você mantiver esse critério."
Fiquei pasmo!!! Como pode um simples cabeleireiro me ensinar tanto em tão pouco tempo? Acho que as palavras do pai dele eram o guia do seu sucesso. VALORIZAR-SE!!!! Quem cobra barato, somente adia a quebra do negócio. Que lição levei de meu amigo sem universidade, sem especialização, sem canudo nem título de doutor. Ele me ensinou que vale mais a forma de encarar o trabalho que o tipo de carreira escolhida. Foi muito provavelmente um dos maiores ensinamentos que tive na vida.
Depois de várias horas de uma conversa bastante agradável, lhe propus o seguinte: venderia meu consultório e aplicaria meus poucos recursos, nas próximas clínicas dele. Ele me olhou e disse:
"Eu gostaria de tê-lo como sócio, porém antes, quero sentir de tua parte, que você mudou de mentalidade e não de profissão, ou seja, não adianta você abandonar os implantes pelos alisantes e sim o parco pelo próspero."
Incrível como até no nome ele já é um vencedor, um VITORioso.
Voltei para casa e pensei: não preciso mudar de área e sim de atitude. Até nisso ele foi sábio, me mostrou o caminho a seguir sem ser arrogante. Valeu Vitor Enrique!!!!
PS: venhamos e convenhamos, o nome ajudou muito, é uma frase com sujeito verbo e predicado: Vitor, enrique!!!
* Uma fábula atual e nada pessoal*
Meu amigo Vitor Enrique formou-se dois anos antes de mim, em 2001. Foi um ano terrível, não só no campo pessoal, mas em nível nacional e internacional também. Derrubaram as torres gemêas e o mundo ficou mais amendrotado do que nunca. Lula, já em 2002, foi mais eficiente que uma superdose de Viagra, já que a cotação das verdinhas subiram e permaneceram lá em cima por muito tempo, com a promessa de sua eleição.
Vitor, vinha de uma família humilde, sem muitos recursos, porém seus pais, apesar do pouco tempo gasto num banco de escola, possuíam uma mentalidade e visão bastante progressistas. Diziam sempre ao seu filho:
"Amado filho, não importa o quanto os outros digam o quanto você vale, e sim o quanto você sente que vale". Se um dia, alguém quiser tirar proveito de você, reaja e não admita isso da forma mais clara possível, sem meias palavras, mas com todo o respeito. Verás que somente tentarão isso com você uma única vez".
Dizem que foi o maior legado deixado pelos seus pais: o respeito e amor próprios. Ambos eram imigrates e sofreram na carne as consequências da intolerância no país de origem.
Por não poder pagar uma faculdade, Vitor optou por algo mais light, sem ter que estudar tanto e gastar uma fortuna em material didático. Os instrumentos eram, talvez, os mais simples possíveis: uma tesoura e um pente. Mesmo tendo que trabalhar duro durante o dia, vendendo sapatos ou material de informática, ele não faltava à aula mesmo estando a beira do esgotamento físico. O curso de cabaleireiro não era muito caro e ainda por cima ele podia dar em cima das futuras colegas de trabalho. O único problema era escapar das investidas de alguns companheiros de classe que insistiam em achar que Vitor era gay. Vitor só não saiu com Marleide, de tão feia e desajeitada, mas quem sabe se com um pouco mais de álcool ele não emplacava o último bastião de sua classe. Ele nunca tentou uma aproximação....e nem quis.
Eu, cursei odontologia na melhor faculdade da país, segundo alguns, a quarta ou quinta segundo outros. Com o tempo, percebi que isso não importa muito, pois a qualidade dos cursos estavam bem nivelados...por baixo. O ensino da odontologia podia ser comparado a um enorme iceberg: a grande massa, o que está por baixo do nível dágua, deixa a universidade sem ao menos aplicar uma anestesia com segurança. A pontinha dessa montanha gelada, compõe-se de nerds esforçados e que buscaram tirar mais do que era oferecido nos bancos universitários. Os livros, caríssimos, sem contar aquela malinha plástica, geralmente com o nome de alguma dental e pesando pelo menos 5 quilos. Dava para usar como lastro numa pequena embarcação, de tão pesada que era.
As meninas então, todas cheias de frescurinha, com roupas de grife, carro do ano e um celular de última geração. Não levei para cama nem mesmo a Dorotéia, que de tão feia e mal acabada, achavam que fosse um clone da Margareth Thatcher, morrendo de cefaléia ( na verdade a rima era com uma infecção um pouco mais abaixo do Equador...). Saí bastante, porém com as louquinhas e divertidas alunas do curso de psicologia. Elas são "louquinhas" por um homem de branco e gostam de se divertir......muito mesmo!!!!
Vitor formou-se antes de mim e logicamente começou a ganhar seu próprio dinheiro, dois anos após ingressar no SENAC. Trabalhou em alguns salões para ganhar experiência e aprender o caminho das pedras. No curso ele teve uma matéria chamada: empreendedor moderno. Foram 6 meses muito bem aproveitados. Nele, o professor ensinava como administrar um salão, desde a forma de tratar os fornecedores, até a confecção de relatórios de performance e lucratividade. Foi um breve curso de administração de pequenos negócios. Não entendo porque não temos esse tipo de curso na graduação, afinal um consultório dentário é sem dúvida um pouco mais complicado em termos de controles: de estoque, de vencimento de resinas, adesivos e por aí afora. Isso sem contar com as autorizações da ANVISA, do cuidado com o isolamento dos raios x e assim por diante.
Após um ano e meio, Vitor alçou seu primeiro vôo autônomo. Ele já se sentia apto a começar seu próprio negócio. Eu, ainda buscava forças e energia para os últimos exames. Graduei-me em Dezembro com umas olheiras que mais pareciam os olhos de um guaxinim.
A falta de tempo nos impossibilitou de encontros mais frequentes e com isso não soube muito da vida de Vitor. Amigos em comum diziam que ele ia muito bem. A clientela crescia em ritmo acelerado e a abertura de outros salões não demorou em acontecer. Antes de nosso reencontro, soube que ele já negociava algumas franquias. Vitor chegou rápido ao topo e não se esqueceu dos amigos. Um dia recebo um telefonema dele convidando-me para um happy hour num barzinho da Vila Madalena. Eu estava um pouco stressado, em função da pouca clientela e da grande quantidade de contas, principalmente do protético, que nunca acertava a cor das próteses e do técnico da cadeira, que insistia em me dizer que o problema era da corrente elétrica do consultório e não da péssima qualidade do produto dele. Foram 6 visitas e a cadeira continuava na mesma: parada. Também, fui economizar logo nas minhas ferramentas primordiais. Bem feito, deveria ter comprado um equipamento melhor e um carro mais barato, mas segui o conselho de outros dentistas: cadeira é tudo igual, compra a mais barata ". Pena que não dá para jogar a cadeira na cabeça deles....afinal a cadeira não merecia tamanha desonra.
Nos encontramos no salão que ele acabara de abrir em Moema. Lindo, de muito bom gosto, com recepcionistas muito bem vestidas e um atendimento VIP. Não acreditei quando o vi, ele parecia haver saído de um banho de loja. Belas roupas, cabelos impecáveis e um semblante tranquilo, daqueles que denotam uma vida cheia de prosperidade e saúde.
Nos sentamos para um drink, e enquanto ele preparava o scotch 12 anos tinindo de novo, eu admirava a sala dele, decorada com um bom gosto impressionante, sem exageros.
Começamos a conversa lembrando de nossos dias de adolescência, das namoradas e dos amigos que desapareceram sem deixar rastro. Eu tentei, mas não pude me conter. Reclamei dos parcos pacientes, que insistiam em tratar comigo, mesmo estando sempre atualizado, com dois cursos de especialização, pagos a preço de ouro. Dizia-lhe que os pacientes sempre me pediam para parcelar o tratamento, com vários cheques pré-datados, fora os borrachudos, que de tanto voltarem por falta de fundos, fizeram dos meus cabelos negros algo mais parecido com Valmor Chagas......até pensei em pedir-lhe conselhos sobre isso, porém não achei conveniente naquele momento. Disse-lhe que não aumentava os preços há seis anos, porém as anuidades do Conselho Federal e de outras entidades da odontologia aumentavam todos os anos, não importando os índices de inflação.
Vitor ouvia com atenção minhas queixas e num dado momento ele me interrompeu:
"Imagino o que você está passando, pois tenho várias clientes dentistas e as queixas são exatamente as mesmas. Acho que o problema está na atitude perante seus pacientes. Eu jamais parcelo meus serviços, apesar de ter mais concorrentes que você e a competição entre nós ser tão ferrenha quanto a sua. Sempre tenho algum produto novo ou técnica para mostrar aos meus clientes. Tento mostrar que os novos produtos e técnicas sempre trazem um benefício, porém isso acarreta num custo maior.
Meus clientes pagam pelo meu trabalho com satisfação, pois lhes dou o que eles procuram: atendimento VIP. Todo mundo gosta de ser bem tratado e sentir-se diferenciado, portanto pagam sem reclamar....e tem mais, ainda nos dão poupudas gorjetas!!!! Meu querido amigo, se você quer mais clientes, trate-os como se fossem reis e mostre que o teu tempo vale muito, proporcional ao valor do cliente. Quem cobra barato, subliminarmente está dizendo que o valor do trabalho é proporcional ao que foi cobrado. Se você quer conquistar e manter clientes, valorize-se. Pode ser que você perca alguns, mas os que ficarem serão seus enquanto você mantiver esse critério."
Fiquei pasmo!!! Como pode um simples cabeleireiro me ensinar tanto em tão pouco tempo? Acho que as palavras do pai dele eram o guia do seu sucesso. VALORIZAR-SE!!!! Quem cobra barato, somente adia a quebra do negócio. Que lição levei de meu amigo sem universidade, sem especialização, sem canudo nem título de doutor. Ele me ensinou que vale mais a forma de encarar o trabalho que o tipo de carreira escolhida. Foi muito provavelmente um dos maiores ensinamentos que tive na vida.
Depois de várias horas de uma conversa bastante agradável, lhe propus o seguinte: venderia meu consultório e aplicaria meus poucos recursos, nas próximas clínicas dele. Ele me olhou e disse:
"Eu gostaria de tê-lo como sócio, porém antes, quero sentir de tua parte, que você mudou de mentalidade e não de profissão, ou seja, não adianta você abandonar os implantes pelos alisantes e sim o parco pelo próspero."
Incrível como até no nome ele já é um vencedor, um VITORioso.
Voltei para casa e pensei: não preciso mudar de área e sim de atitude. Até nisso ele foi sábio, me mostrou o caminho a seguir sem ser arrogante. Valeu Vitor Enrique!!!!
PS: venhamos e convenhamos, o nome ajudou muito, é uma frase com sujeito verbo e predicado: Vitor, enrique!!!