BATENDO UM AGRADÁVEL PAPO COM A MORTE
“Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte,
mas o homem corajoso experimenta a morte apenas
uma vez”
(William Shakespeare)
- Desejais conduzir-me para a outra margem? – Perguntei, pois, à Morte.
- Ora, eu estaria sendo hipócrita se dissesse que não. - Respondeu-me ela, rindo.
- Oh! Eis que na verdade poucos sabem a tua real intenção. – Afirmei atrevidamente à ela.
- E qual a seria ao que tão certo de mim o sabes? – Indagou-me como que a me atirar n’uma cilada verbal.
- Pois bem, sei que não és tão dura nem tão horrenda ao que tantos que não te conhece então falam. Louvo-te por não nos deixar aqui para sempre nest’exílio. Sim, sou-lhe grato por isso, contra tantos que de ti fogem, porém para sempre não podem, quem sabe, por lh’esgotarem suas forças ou, melhor se diria, por serdes mais fortes que nós, míseros filhos da Vida. - Afirmei com total convicção do que falava.
- Vou-me embora então, já que assustar-te não mais consigo, a ti que conheço deste o ventre de tua mãe. - Disse-me neste momento.
- Permite-me uma última pergunta, ó implacável mensageira do destino. – Ousei-me agora ainda com mais firmeza.
A Morte olhou para mim, como que sabendo o qu’eu lhe questionaria.
- Por que vivemos neste tempo tão breve à procura d’uma felicidade a qual achada vede de nós a ser tragada por ti mesma? Seria uma brincadeira de mal gosto da Vida ou essa é mais cruel do que vós? – Perguntei-a então.
- Viver é uma mística jornada, ornada de alternâncias em todo o tempo de seu processo. Não se deve caminhar d’olhos fechados, ao que da vista perderia seus fugazes momentos. Beba, pois, nas tabernas de suas instâncias, sim, até perder às vezes o uso da razão, e mesmo te embriagar por completo. Não é pecado ser festivo, muito menos [ser] feliz. E repare sempre a alvorada de cada dia, ao que seus olhos, se vivo estiveres, gozarão de sua imagem. Percebas a chuva quando ela chega e não maldigas o calor de nenhum’hora. Ame como quando eras jovem, ame de paixão, a recordar o colorido d’aquele tempo o qual nunca de sua vida deveria ter fugido. E também, chore a partida de quem, sabe-se lá a razão, deste prazo deu o fora. A vida é feita de sons e, assim, junte-os e transforme tudo n’uma gostosa melodia. Toque tudo em sua volta. Oh! não é nenhum sacrilégio sentir a vida em nenhuma de suas expressões. E saibas bem: Não sou má como todos m’esculpiram, oh, não! Sou a maior expressão da Justiça no tempo, onde a ninguém discrimino. Enfim, viva a vida e a ame, enquanto eu não te arrebato para os meus braços, e viva-a sem medo de nada. – Concluiu, pois, a sábia Morte.
Nesta hora uma dinâmica calmaria se fez. Do pensamento que não mais existia,. Oh! que sensação de liberdade! E, assim, nenhum pernicioso som em minha cabeça se havia. Não se tratava d’um silêncio conduzido ou forçado. Era uma energia “inominável”, totalmente espontânea e, sobretudo, desconhecida e, portanto, nova. Um instante de total inocência e pureza, no que tudo o mais desapareceu.
Ah! Como nossos conflitos se brotam e alastram tão rapidamente! E com eles, vai-se embora toda a sensibilidade no que éramos nos primeiros tempos.
Não, a morte é bem-vinda no tempo que quiser ou, mesmo a tod’hora, já que não devemos ser os mesmos no tempo que se segue, ao que o momento que passou precisa, na verdade, defuntar para que surjam sempre “novas horas” até chegar a “hora final”. Do contrário enjoaríamos de viver (muito antes de morrer)!
- Foi um prazer conversar contigo, ó poderosa Morte. Um dia novamente encontraremos? - Ao que então a perguntei.
E com um meigo sorriso e um olhar pacífico ela afastou-se lentamente de mim, e sem dizer nenhuma palavra. E assim, despedi-me também dela, seguindo, pois, meu caminho na esperança de um dia retornarmos nossa agradável prosa, ou (para quem sabe!) deixar que ela me leve à sua morada. Sim, um dia, ... quem sabe?! Ou, melhor se diga, este dia que só ela, deveras, sabe!
24 de outubro de 2024
IMAGENS: FOTOS REGISTRADAS POR CELULAR E TRABALHADAS COM PROGRAMAS DE EDIÇÃO
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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES
BATENDO UM AGRADÁVEL PAPO COM A MORTE
“Os covardes morrem várias vezes antes da sua morte,
mas o homem corajoso experimenta a morte apenas
uma vez”
(William Shakespeare)
- Desejais conduzir-me para a outra margem? – Perguntei, pois, à Morte.
- Ora, eu estaria sendo hipócrita se dissesse que não. - Respondeu-me ela, rindo.
- Oh! Eis que na verdade poucos sabem a tua real intenção. – Afirmei atrevidamente à ela.
- E qual a seria ao que tão certo de mim o sabes? – Indagou-me como que a me atirar n’uma cilada verbal.
- Pois bem, sei que não és tão dura nem tão horrenda ao que tantos que não te conhece então falam. Louvo-te por não nos deixar aqui para sempre nest’exílio. Sim, sou-lhe grato por isso, contra tantos que de ti fogem, porém para sempre não podem, quem sabe, por lh’esgotarem suas forças ou, melhor se diria, por serdes mais fortes que nós, míseros filhos da Vida. - Afirmei com total convicção do que falava.
- Vou-me embora então, já que assustar-te não mais consigo, a ti que conheço deste o ventre de tua mãe. - Disse-me neste momento.
- Permite-me uma última pergunta, ó implacável mensageira do destino. – Ousei-me agora ainda com mais firmeza.
A Morte olhou para mim, como que sabendo o qu’eu lhe questionaria.
- Por que vivemos neste tempo tão breve à procura d’uma felicidade a qual achada vede de nós a ser tragada por ti mesma? Seria uma brincadeira de mal gosto da Vida ou essa é mais cruel do que vós? – Perguntei-a então.
- Viver é uma mística jornada, ornada de alternâncias em todo o tempo de seu processo. Não se deve caminhar d’olhos fechados, ao que da vista perderia seus fugazes momentos. Beba, pois, nas tabernas de suas instâncias, sim, até perder às vezes o uso da razão, e mesmo te embriagar por completo. Não é pecado ser festivo, muito menos [ser] feliz. E repare sempre a alvorada de cada dia, ao que seus olhos, se vivo estiveres, gozarão de sua imagem. Percebas a chuva quando ela chega e não maldigas o calor de nenhum’hora. Ame como quando eras jovem, ame de paixão, a recordar o colorido d’aquele tempo o qual nunca de sua vida deveria ter fugido. E também, chore a partida de quem, sabe-se lá a razão, deste prazo deu o fora. A vida é feita de sons e, assim, junte-os e transforme tudo n’uma gostosa melodia. Toque tudo em sua volta. Oh! não é nenhum sacrilégio sentir a vida em nenhuma de suas expressões. E saibas bem: Não sou má como todos m’esculpiram, oh, não! Sou a maior expressão da Justiça no tempo, onde a ninguém discrimino. Enfim, viva a vida e a ame, enquanto eu não te arrebato para os meus braços, e viva-a sem medo de nada. – Concluiu, pois, a sábia Morte.
Nesta hora uma dinâmica calmaria se fez. Do pensamento que não mais existia,. Oh! que sensação de liberdade! E, assim, nenhum pernicioso som em minha cabeça se havia. Não se tratava d’um silêncio conduzido ou forçado. Era uma energia “inominável”, totalmente espontânea e, sobretudo, desconhecida e, portanto, nova. Um instante de total inocência e pureza, no que tudo o mais desapareceu.
Ah! Como nossos conflitos se brotam e alastram tão rapidamente! E com eles, vai-se embora toda a sensibilidade no que éramos nos primeiros tempos.
Não, a morte é bem-vinda no tempo que quiser ou, mesmo a tod’hora, já que não devemos ser os mesmos no tempo que se segue, ao que o momento que passou precisa, na verdade, defuntar para que surjam sempre “novas horas” até chegar a “hora final”. Do contrário enjoaríamos de viver (muito antes de morrer)!
- Foi um prazer conversar contigo, ó poderosa Morte. Um dia novamente encontraremos? - Ao que então a perguntei.
E com um meigo sorriso e um olhar pacífico ela afastou-se lentamente de mim, e sem dizer nenhuma palavra. E assim, despedi-me também dela, seguindo, pois, meu caminho na esperança de um dia retornarmos nossa agradável prosa, ou (para quem sabe!) deixar que ela me leve à sua morada. Sim, um dia, ... quem sabe?! Ou, melhor se diga, este dia que só ela, deveras, sabe!
24 de outubro de 2024