O ORGULHOSO É UM BOÇAL

O orgulho é uma das grandes bobagens humanas, um sentimento pobre, miserável. Somente os tolos se ufanam das próprias tolices e se acham figuras eminentes, apenas eles se pavoneiam de seus espelhos, miçangas e sandices. Mas o orgulho mais besta, sem dúvida, e esse é tão constante entre muita gente, é o de mostrar riquezas materiais, de fazer questão de exibir posses que o tempo se encarrega de deteriorar. Pobres valores sem consistência. Tal orgulhoso não tem qualquer resquício de sabedoria porque não conhece o valor da humildade. O verdadeiro sábio é humilde e conhece a condição de insignificância inerente ao homem. O sábio afirma nada saber, como bem destacou Sócrates ao reconhecer a incapacidade humana para conter toda a ciência da vida. E os bens materiais seriam, por conseguinte, alguma razão para exibicionismos despropositados? Certamente não. Porque somos e estamos nestas plagas terrenas por um breve tempo, em pouco a folha seca e cai, sem vida. O Senhor do Universo, Jesus Cristo, é o maior e único exemplo de humildade que temos e no qual podemos e devemos nos espelhar. Nele, além de vida em abundância, há a beleza da simplicidade, do amor, da salvação, e isso no Deus vivo que se fez homem igual a nós, mas com uma grande e infinita diferença de profunda importância: ele não tinha, não tem, não teve pecado! Nunca! Jesus Cristo é a personificação da pureza divina. O Verbo se fez homem ..., e o Verbo era Deus.

Porém, infelizmente, sabemos de tanta gente que ostenta a soberba por causa de uma mansão que possui, de uma Hilux ou de um Pajero que comprou, ou porque tem uma vultosa conta no banco. Riquezas materiais, enfim, coisas que o ladrão toma de assalto e as traças corroem. “Tudo vaidade”, na sábia expressão de Salomão contida na Bíblia. Sem sombra de dúvida, no tocante a ficar feliz consigo mesmo, ser uma pessoa de bem com a existência, sorrir para a felicidade e tê-la consoante determinação divina, alegrar-se por, finalmente, comprar a casa própria ou apartamento e o carro da família, é saudável e importante na vida de todos nós. Afinal de contas, o anelo de vencer, o desejo de concretizar sonhos e alcançar metas é a expressão normal do homem. O progresso humano decerto nasce dessa ambição adequada e natural, as descobertas vêm na razão direta da curiosidade do homem em conhecer-se a si mesmo, descobrir os mistérios ainda ocultos e melhorar a cada dia a qualidade de vida de todos. Mas daí a tornar-se um seguidor do orgulho e da boçalidade é uma distância absurda.

O orgulhoso é um boçal, evidentemente. Nos seus olhos arrogantes vemos, quase sempre, aquele indefectível arzinho de superioridade ladeando o nariz empinado, e o constante ar de enfado, um gesto de desprezo para com a humanidade, tudo movido pela adrenalina do orgulho, esse combustível venenoso que corrói o motor de nossa inteligência, o cérebro, e faz do homem um desgraçado papalvo que se acha. Imaginem só! O orgulho, convenhamos, não passa de uma rematada idiotice. É semelhante a uma máscara que esconde a fragilidade de seu possuidor. Porque geralmente o orgulhoso tudo faz para recalcar, bem no íntimo, de maneira a esconder de todos, se possível até dele mesmo, suas próprias falhas e impossibilidades. E é tão frágil como um cordeirinho diante do lobo mal prestes a atacar. Quem tem orgulho doentio, geralmente, teme não ser notado, não ser visto, é aquele tipo de gente que gosta de aparecer, a espécie capaz de chamar a atenção para seu ego de modo bem sui gêneris. É um “cheguei!”, enfim. Sinceramente, penso que o indivíduo orgulhoso não teme a Deus, e isso o torna ainda mais miserável, mais infeliz, mais zero à esquerda. O orgulhoso nada mais é que um nada desprovido de graça.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 15/01/2008
Código do texto: T818024
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