Novo homem
Soco as emoções, como soco um saco de feijão, dentro do peito abafando o grito.
Pelo menos o feijão posso cozinhar e comer, já as emoções posso apenas sentir, nada de extravasar, nada de passar adiante, nada de compartilhar.
E com quem quero compartilhar as dores das emoções captadas no dia-a-dia da avenida em cada canto de suas esquinas?
Nem mesmo o asfalto e o calçamento compartilham comigo o que sinto.
Preciso num processo monstruoso extrair eu de mim próprio e catalisar todos os momentos de cada andança, de cada sentir que se irradia em todas as direções.
Apurar o cinzel, afiá-lo e desbastar as congruências sonoras, visuais e táteis para ressurgir das sombras como um novo homem.
E esse novo homem, lançará a luz do renascimento de uma nova humanidade pura e inteligente.