"O que um escritor faz"

Será que é isso que um escritor faz?

Olha pessoas.

Suas cenas.

Suas fotos.

Suas penas.

Inventa o que quiser sobre cada coisa que vê,

sobre cada um que ele lê.

E do ponto da sua vista,

do que acha que sabe da vida,

rascunha um monte de histórias.

Histórias essas que certamente

podemos por a vender a quem tente,

a quem se sente naqueles retratos,

naqueles relatos

nem sempre certeiros,

nem sempre relapsos.

E quem compra, seja um cadinho ou um tanto,

compra e compra quisto,

mais que o tanto de ter se visto

ou que a razão de dar como presente,

compra também um novo amigo, um novo ente.

Mas compra bem, não pelo vintém.

Compra a ideia de um outro alguém

que costuma se achar só,

mas o milagre da poesia

o faz desatar o nó.

E aquilo que era eu, só "eu",

se torna o nós.

E quanto tempo isso dura?

Seria o tempo que leva a cura?

Seria o bastante pra alguém se cansar?

Ou rápido demais pra ninguém notar?

Quanto dura essa relação,

esse intervalo entre o início e o fim da paixão?

Seria o período entre o Lítio e o Neon?

Ou seria um espaço que medir não dá não?

Talvez, melhor que durar seja dar frutos.

Pois, quem leu não se acanhou diminuto,

mas escolheu compartilhar com mais alguém

e explicar pra esse o que é que tem

nesse texto de tão conexo,

como quem cria um pretexto pra se mostrar perplexo

com a capacidade do autor em criar "do nada"

alguma coisa "danada".

Uma sacada que, de repente, feito um repente

mostra que a vida é ainda maior quando à arte é inerente

Bruno Mariano "Gardeniro"

Bruno Mariano (Gardeniro)
Enviado por Bruno Mariano (Gardeniro) em 22/10/2024
Reeditado em 22/10/2024
Código do texto: T8179119
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