"O que um escritor faz"
Será que é isso que um escritor faz?
Olha pessoas.
Suas cenas.
Suas fotos.
Suas penas.
Inventa o que quiser sobre cada coisa que vê,
sobre cada um que ele lê.
E do ponto da sua vista,
do que acha que sabe da vida,
rascunha um monte de histórias.
Histórias essas que certamente
podemos por a vender a quem tente,
a quem se sente naqueles retratos,
naqueles relatos
nem sempre certeiros,
nem sempre relapsos.
E quem compra, seja um cadinho ou um tanto,
compra e compra quisto,
mais que o tanto de ter se visto
ou que a razão de dar como presente,
compra também um novo amigo, um novo ente.
Mas compra bem, não pelo vintém.
Compra a ideia de um outro alguém
que costuma se achar só,
mas o milagre da poesia
o faz desatar o nó.
E aquilo que era eu, só "eu",
se torna o nós.
E quanto tempo isso dura?
Seria o tempo que leva a cura?
Seria o bastante pra alguém se cansar?
Ou rápido demais pra ninguém notar?
Quanto dura essa relação,
esse intervalo entre o início e o fim da paixão?
Seria o período entre o Lítio e o Neon?
Ou seria um espaço que medir não dá não?
Talvez, melhor que durar seja dar frutos.
Pois, quem leu não se acanhou diminuto,
mas escolheu compartilhar com mais alguém
e explicar pra esse o que é que tem
nesse texto de tão conexo,
como quem cria um pretexto pra se mostrar perplexo
com a capacidade do autor em criar "do nada"
alguma coisa "danada".
Uma sacada que, de repente, feito um repente
mostra que a vida é ainda maior quando à arte é inerente
Bruno Mariano "Gardeniro"