NO SILÊNCIO DO MEU CORAÇÃO
É tão bom conversar comigo mesma nesta manhã que nasce.
Deixar meus pensamentos soltos no ar.
Tão bom divagar... Viajar...
Sem temores a me segurar.
Estar no passado. Tanto ficou lá guardado.
Detalhezinhos. Pequeninos. Significando tanto, no entanto.
Meus passos no ontem... Meus olhos fitando um mundo encantado.
Meu coração a guardar. Um eterno armazenar.
O som de um moinho que dentro de mim se eternizou.
Aquele ruído contínuo que meu ser guardou.
Meu riso. Meu pranto.
Tudo tem seu encanto.
Sabe o que é acordar e ver uma quantidade enorme de flores de jabuticabeira a desabrochar?
Todas aquelas abelhas a voar...
Os cafezais iguais noivas a se arrastar.
Um cheiro de terra, de mato. De vida!
Eu a correr, a cantar, a me balançar. Eu a sonhar.
Minha infância naquele lugar.
Hoje aquela terra está tão mudada. Do que era não restou quase nada.
Que importa? Se guardo dentro do peito! Se pra mim está tudo perfeito.
Se no meu imaginar tudo é como naquele tempo. Meus recantos secretos...
Meus castelos de sabugos! Neno! Garoto!
Nunca que aquilo vai se acabar.
Porque meu coração quer pra sempre guardar.
Ainda sou aquela menina. Num canto de mim ela vive e conserva intacto o seu habitat. Ela sonha ainda como naquele tempo. Ela viaja, vai do passado para o futuro. Num pulo é capaz de desbravar terras novas e conservar a terra amada que guarda n’alma.
No silêncio do meu coração tudo é como antes. Tudo é eterno. Tudo me pertence para todo o sempre.