O SORRISO QUE SE APAGOU DO ROSTO DE UMA PESSOA

Esta pessoa, cujo sorriso, por algum motivo alheio ao meu conhecimento, foi extinto do seu rosto levava consigo o codinome de Sorriso com muita propriedade e simpatia, pois sempre que a encontrava em qualquer lugar demonstrava uma simpatia ímpar, acompanhado de cumprimentos efusivos. Eu percebia que este senhor de 60 anos, aproximadamente, sempre foi benquisto por onde passava. Quase todo o dia, durante a minha caminhada matinal eu o encontrava no supermercado ou casa lotérica e também na rua. Acontece que após alguns meses, ou quase mais de um ano, nunca mais o vi. Cheguei a perguntar por ele a algumas pessoas e estas também desconheciam o seu real paradeiro. Eu torcia para que ele estivesse viajando em visita aos seus parentes em pelo interior. E eis que, após muito tempo mesmo o vejo num lugar aleatório do meu bairro, com passos mais cadenciados e olhos perdidos no espaço, sem fixar em nada. Muito menos esbanjar aquele sorriso peculiar ou até retribuir um cumprimento de positivo. Parecia mesmo totalmente alienado para a minha tristeza e decepção. Da próxima vez que eu o vir, farei o possível para me aproximar mais e cumprimentá-lo como nos velhos tempos e tentar saber se ele tem alguma resposta para aquele sumiço e agora com este retorno demonstrando uma metamorfose descabida. Por algum transtorno ele poderá até passado e só o tempo poderá nos dizer se isto foi ou será irreversível. Tudo muda, principalmente as pessoas. Este é o grande mistério da nossa vida. Como bem disse o filósofo Heráclito: não se entra no mesmo rio duas vezes. Na segunda oportunidade, tanto o rio como nós já sofremos algumas diferenças. Tudo é muito relativo.

JOBOSCAN
Enviado por JOBOSCAN em 21/10/2024
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