TELA EM BRANCO.

Não sei nem por onde começar essa crônica, entre tantos possíveis assuntos rodeando a minha cabeça, a grande verdade é que... Bom, a verdade é que eu não tenho assunto, estou zerado de ideias, nada, zip, zero. Eu sei que você está achando que é brincadeira, porém não é. Estou sendo muito sincero com os leitores nesse momento. Eu já forcei a cabeça, espremendo cada neurônio, colocando-os contra a parede da minha calota craniana, ameaçando-os de fuzilamento e nada, simplesmente nada, silêncio total dentro dessa cabecinha oca. É isso mesmo que vocês leram, cabeça cheia de ventos fugitivos, bem isso.

Para que os leitores compreendam o que estou lhes narrando, hoje, exatamente hoje, terça-feira, dia dos professores, final de ano praticamente, sim meus amigos, estamos na reta final. Então, como eu estava dizendo, tentando pelo menos. É terça, ainda terça, eu já estou meio desesperado por causa da crônica. Valha me Deus, esse texto será postado somente no domingo e eu me vejo nessa situação caótica, como se o mundo fosse acabar por não conseguir pensar em nenhum assunto interessante para falar. Bem que minha esposa diz que sou muito afobado com as coisas, agora entendo. E não é que sou mesmo assim.

Para que vocês compreendam. Geralmente eu escrevo a crônica que é postada em minhas redes sociais durante a semana. Entre quarta e quinta-feira, não mais do que isso. Antes, na segunda ou terça o assunto já deve estar transitando pela minha cabeça, sendo rebobinado pela tela da memória, assistido várias e várias vezes. Algumas versões certamente pré-arranjadas com suas possibilidades e variáveis. Sempre foi assim durante muitos anos, todavia, de uns tempos para cá, não sei dizer o motivo, essa dinâmica está ficando cada vez mais difícil. O assunto surge na última hora, aos quarenta e cinco do segundo tempo.

Pois bem, não é que dessa vez o jogo terminou em zero a zero. Como eu disse, o assunto já deveria estar por aqui, dando suas voltas entre os hemisférios cerebrais, só que não está. Eu já revirei tudo aqui dentro dessa cachola e só encontro assuntos já abordados. Confesso que está batendo aquele desespero. Será isso a famosa tela em branco... Talvez eu esteja sendo exagerado demais, e por falar em exagero, confesso, tenho muita experiência quando o assunto é ser exagerado, dramático, enfim. Se alguém perguntasse para minha esposa que ela contaria cada uma.

Acho que o jeito é deixar como está. Perdoe-me caríssimos amigos leitores, a tela ainda continua em branco. A noite já veio, o céu exibindo belíssimas estrelas, o luar desfilando imponente desfilando no véu noturno. Eu sou apenas esse alguém desconhecido, deitado no escuro com o celular nas mãos, buscando desesperadamente por cada letra fugitiva. Dizem que a tela em branco passa, que todos os grandes escritores passaram por isso, — eu não sou um grande escritor, porém, a tela em branco eu já tenho — vai ver amanhã ou depois surja uma ideia boa e digna de ser contada. Enquanto isso não acontece, ficaremos por isso mesmo. Se os grandes tiveram esse inconveniente, quem sou eu na fila do pão.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 20/10/2024
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