Um erro nunca justificará outro

Quem ler o mangá Nana ou assistir ao anime sabe que Shouji, namorado de Nana Komatsu, acabou por traí-la com uma garota chamada Sachiko Kawamura. Nana descobre e, naturalmente, ficou arrasada e deprimida. Junko, sua amiga, foi vê-la e, em vez de consolá-la, acabou por lhe dar um sermão, dizendo que Shouji errou ao traí-la mas que ela errou por ser egoísta e só pensar em si, esquecendo que, em um relacionamento, nós precisamos pensar no nosso parceiro.

Após ler este volume do mangá, eu fiquei pensando: e desde quando um erro justifica outro? É até compreensível que Shouji tenha se cansado de Nana, pois ela é infantil, mimada e dependente. Entretanto, Shouji deveria ter tido uma conversa séria com ela e dizer que estava cansado do seu comportamento irresponsável em vez de arrumar outra garota. Não há desculpas para a traição, que não passa de fraqueza de caráter e falta de respeito.

Se o seu parceiro anda tendo um comportamento que você não aprova ou sentimento de amor morreu - talvez não exista o amor eterno - cabe a você ser sincero, conversar com ele e decidir se quer ou não manter a relação, até porque, depois de uma traição, mesmo quando a parte traída perdoa o traidor, sempre há o risco de ficar um ressentimento e uma desconfiança, pois quem trai mente para manter a vida dupla e sabemos bem que quem foi traído fica magoado ao perceber que foi enganado e acaba por se perguntar como a outra parte foi capaz de enganá-la de forma tão torpe. Dois bons exemplos que mostram o quanto a traição pode magoar profundamente são dois clássicos literários sobre o adultério: O primo Basílio e Anna Karenina. Um detalhe interessante é que que Jorge, marido de Luísa e o marido de Anna não tinham dado nenhum motivo específico, já que eram bons maridos. E ficaram muito magoados ao saber que tinham sido traídos.

Portanto, entendamos que não se deve trair mesmo que o nosso parceiro esteja tendo um comportamento errado. Se a relação está desgastada, vejamos se dá para salvá-la ou tenhamos a coragem de terminar um namoro, noivado ou casamento que já não está nos trazendo nenhuma felicidade.