TUDO COMO D’ANTES

E aconteceu outra vez.

Todo mundo conhece, fala sobre e já sofreu as consequências das alterações climáticas dos novos tempos. Não temos como evitar o aquecimento global, porque o Sol, responsável maior por todas essas alterações, está muito longe de se abalar pelos transtornos causados por elas ou de ser dominado por nossas vontades.

Os dois hemisférios estão sofrendo as consequências dessas mudanças com a repetição das anomalias meteorológicas a cada dia com menor intervalo entre elas. Ventos fortes, tornados, furacões, tempestades, ondas gigantes, inundação em desertos, frio e calor intensos, umidade relativa abaixo de níveis razoáveis, etc., que se tornaram comuns e já não causam admiração.

São Paulo que está situado no paralelo 23 Sul, exatamente por onde passa o Trópico de Capricórnio e possui extenso litoral, mais do que qualquer outro Estado brasileiro, sofre as consequências dessas alterações.

Sai governo, entra governo, as alternativas para minimizar os transtornos são expostas, criam-se comissões para estudos das viabilidades, aprovam-se programas, contratam-se empreiteiras para a execução dos projetos (cujos prazos nunca são respeitados) e o descontrole urbano continua sendo mais cruel para a população desassistida quando ocorre um fenômeno como o último ciclone extratropical que, com rajadas de ventos acima dos 70km/h derrubou árvores e interrompeu o fornecimento de energia elétrica e água aos milhares de moradores das áreas atingidas.

Entretanto, esses transtornos com água e luz, se repetem em todas as temporadas das chuvas de verão e já são velhos conhecidos independente dessas novas alterações.

E assim como as chuvas, as promessas das autoridades se repetem ano após ano diante da população crédula e insensata.

Todo mundo sabe que as cidades precisam de cobertura vegetal para que o ambiente seja agradável e minimizados os efeitos da poluição gerada pelas atividades econômicas e a queima de combustíveis fósseis no transporte automotor.

Também sabemos que as calçadas e o pavimento deviam ser porosos para que as águas das chuvas fossem absorvidas pelo solo e evitar os empoçamentos.

Mas as nossas árvores não são de pequeno porte e precisam de podas periódicas.

As árvores, como qualquer organismo vivo, precisam das condições mínimas para sua sobrevivência.

O sistema radicular deve acompanhar o desenvolvimento da copa a fim de manter o equilíbrio, mas por conta das calçadas, do pavimento, das redes de água e esgoto, etc. as podas são feitas sem observar esse requisito.

Raizes ou galhos cortados e não tratados com isolante adequado se tornam portas de entrada para bactérias e fungos que fazem a planta adoecer.

Sem equilíbrio e vitalidade, as árvores quando atingidas por rajadas de ventos fortes e com o peso da água da chuva, caem por sobre as fiações elétricas, de telefonia, fibra óptica, iluminação pública, semáforos, etc. dependuradas nos postes que vêm abaixo por não suportar o sobrepeso e assim instala-se o caos urbano.

Ora, se tudo isso é amplamente conhecido, por que esses problemas ainda não foram solucionados?

Se temos os meios de prever esses fenômenos, por que não existe número suficiente de equipes de plantão para solucionar imediatamente as ocorrências desastrosas?

O que diabos está fazendo, ou melhor, para que serve o batalhão de deputados e vereadores?