Donos da Rua
Alfoncio Estava ressonando, quando sua mãe o acordou dizendo:
- Anda, acorda vá levar a vizinha com o filho ao médico urgente.
Ele perguntou atordoado:
- o que houve?
Ela respondeu:
- O menino teve uma convulsão e está sem os movimentos da perna.
Ele desceu sem camisa, abriu o carro e voltou pra vesti-se.
Entrou no carro com os dois a bordo e quando ia saindo.
Bensa Deus, o carro de lixo vinha, a ocupar todo espaço da rua e ele teve que dar à ré no carro, quando outra vizinha gritou:
- Cuidado!.. Tu, tá amassando a tua mãe.
Ele parou e olhando pelo retrovisor, o que viu não fazia jus ao escândalo.
Quando o lixeiro foi-se ele seguiu pra Unimed.
Lá chegando estacionou o carro e entrou com a vizinha e o seu filho.
Ela foi encaminhada a triagem e ele ficou a esperar.
Horas depois, a vizinha veio e disse-lhe:
- Vá embora, que vai demorar.
Ele falou:
- Tá bem. Mas você ligue pra avisar, quando vai sair, que virei buscar.
Assim ele caminhou até o seu carro. Entrou e ligou o veículo; nisso se aproxima o flanelinha.
O telefone do Alfonsio toca e ele atende:
- Pois sim?
Do outro lado da linha sua namorada fala:
- Amor você vai fazer o quê?
Ele diz:
- Pensei ir tomar café, mas vi que tô sem a carteira.
E ela lhe fala:
- Vou te mandar um pix.
Mas ele reluta:
- Não amor. Gosto de pagar no cartão.
Ela insiste:
- Te mando um pix.
Ele agoniado como o flanelinha, sem saber pra quem dizer o que, respondeu:
- Não animal.
No silêncio da fala dele, ela diz:
- Obrigado.
Sem saber o que dizer, ele deixou a situação cair pro riso e acabou que nem se desculpou.
Confuso observando pelo retrovisor a resiliência do rapaz, até procurou no bolso alguns centavos, mas estava zerado. Aí sem dar satisfação, engatou a primeira e foi saindo. Quando o Flanelinha com cara de poucos amigos escandalizou cheio de direitos:
- Ei...pelo menos obrigado.
Alfoncio pensando, telefone tocando... pensando se nada dizer, falou pra si:
- Égua a rua é pública, pagamos impostos e ainda temos, que ouvir desaforos pra pagar essas pessoas, que se colocam como reparadores de carro na maioria das vezes sem autorização de ninguém.