Meu adeus a política
Nunca se sabe o tamanho da dor, antes que ela se manifeste.
Já relatei alguns atropelos que aconteceram quando aventurei a ser um vereador. Achei que o percurso seria consideravelmente mais simples do que realmente é. A sensação que tive é que é necessário nascer com o destino de um político, não é uma escolha pessoal. Quis acreditar que era como plantar uma árvore ou escrever um livro.
Não vejo nada de errado com a política, o problema são os políticos. Parece que eles não morrem, ressuscitam de tempos em tempos, são os verdadeiros imortais. São os únicos seres do planeta que conseguem renascer das próprias cinzas a cada quatro anos.
Os políticos sempre visam seus próprios interesses, pois possuem essa autonomia concedida pelo povo. Somos nós que lhes atribuímos tal autoridade. É fato que nenhum político nos governa sem o nosso consentimento. Para chegar a essa conclusão, percorri algumas léguas e noventa noites sem dormir.
Embora tenha perdido a eleição, não me sinto um perdedor. Creio que me tornei mais forte e mais humano após essa experiência. Desejava encontrar líderes e não guias. Indivíduos que me fizessem ponderar sobre o que diziam, sobre a experiência que tinham. Andei sozinho ao redor da cidade, não queria a influência dos outros candidatos. Achava que eles poderiam me influenciar com suas ideias já construídas de outros pleitos. Dizem que esse foi um dos meus maiores erros.
A política é um componente essencial da existência humana. Seria impossível existirmos sem ela. Sempre existirão desafios. A aceitação universal nos condenaria ao ostracismo.
Não gostaria de terminar esse texto sem dizer o meu muito obrigado aos que votaram e acreditaram em mim e também aos que não votaram e não acreditaram em mim.
Ser político não é preciso.