NOS TEMPOS DA INFLAÇÃO!
“Inflação é um jeito de o governo bater
as carteiras dos governados”
(Alexandre Versignassi)
É isso mesmo:
Quem não vai ao supermercado nem abastece seu carro ou está em coma num leito de UTI ou já morreu de fato (pelo menos para quem reside num espaço urbano). E assim não precisa de televisão nem de internet para saber como está o cenário econômico do país. Sim, nem mendigo ou viciado em pedra ou pó escapa dela: da inflação. O mendigo porque não sobra nenhum dinheiro para lhe ofertá-lo e o viciado porque o preço da droga também sobe.
Não, não tem como passar batido ou não se deparar com este assunto. Oh! desde já quero aqui dizer que não sou nenhum economista, não tenho nenhum doutorado no assunto e pouco tesão sinto por ele. Contudo, em termos de dinheiro, ou vou você procura se estar pelo menos um pouco informado, ou sofrerá sérias consequências (por lhe faltar justamente tal conhecimento).
Acompanham-me agora, por favor, em minha prosa, neste bate-papo.
A INFLAÇÃO EM SUA ESSÊNCIA
"Ter uma pequena inflação é como ter uma pequena gravidez:
ela rapidamente deixa de ser pequena"
(Delfim Netto)
Algumas perguntas para meditação:
* Seria a inflação, como disse alguém, “a arte de falsificar a moeda por conta do Estado”? (Sofocleto). E alguém nest’hora gostaria de um exemplo prático do que seja realmente a inflação? Pois bem! Darei, mas só no final do meu texto.
* Será que qualquer moeda do mundo valeria por ela a nossa cega adoração?
* E se no mundo não houvesse o dinheiro, o que aqui adoraríamos (que não seja Deus, então)?
* E se hoje alguém roubasse todo o dinheiro da Casa da Moeda, o qu’eu faria se fosse o Presidente da República? Faria o que muitos Governos já fizeram: “Mudaria o dinheiro” ao que este se tornaria apenas papel ou metal, anulando todo o seu valor.
Mudar o dinheiro! Ah quantas vezes isto já foi feito!
UM POUCO DA HISTÓRIA DA MOEDA BRASILEIRA
“O Brasil é uma locomotiva / que está a deriva
Desenfreada sem condutor
Qual a inflação, que não deixou / uma alma viva
Sem sofrer de seu dissabor”
(Hani Hazime)
Tempos ... do Real
Alguém se lembra de como eram os tempos antes dele? Doídos eram os dias em que sugada era a moeda brasileira. Não, não quero voltar ao tempo dos “Reis”. Ou, para que lembrar da fonética, com um exemplo eu aqui deixo: “Um Conto de Reis” (cujo símbolo era Rs e $). E como se a vogal “e” tivesse um acento agudo na pronúncia de “reis”, pronunciando-se “réis”. Pois bem, devido à ortografia da época tanto fazia escrever "reis" como "réis" (quando aplicado ao nome do dinheiro vigente).
Réis! Na verdade tratava-se de uma “herança de colonização”, já que ele era a moeda de Portugal a que passou a circular também no Brasil. Não, não quero ir tão longe, senão irei me desviar de minha mensagem.
Buscarei dinheiros um pouco mais modernos.
Continuemos:
* “Cruzeiro” (com o seu símbolo Cr$)
* “Cruzeiro Novo (com o símbolo NCr$)
* “Cruzado” (cujo símbolo era Cz$)
* “Cruzado Novo” (em seu símbolo NCz$)
* “Cruzeiro Real” (apesentando o símbolo CR$)
* “Unidade Real de Valor” (a famosa URV)
* E finalmente (e até hoje) o “Real” (cujo símbolo é R$)
E aqui não devemos esquecer que o “Cruzeiro” foi uma moeda nacional por três vezes.
Pois então! Acredito que não seja necessário dizer o motivo que levou o Brasil a ter tantas mudanças de nomes em nossa moeda. Embora, ainda assim tocarei no assunto a se referir que cada moeda aparecia como uma ilusória medida de tentar recuperar a sua desvalorização, tragada, é claro, pelo mal da “inflação”.
O “Cruzeiro” substituiu os réis em 1º de novembro de 1942. E assim Mil réis passaram a valer 1 Cruzeiro (Rs 1$000 = Cr$ 1).
No entanto, já em pouco tempo o “Cruzeiro” foi perdendo o seu valor monetário. E, em 13 de fevereiro de 1967 nascia no Brasil o “Cruzeiro Novo”, em que mil Cruzeiros passaram a valer 1 cruzeiro novo.
Em 14 de maio de 1970, já no período ditatorial do regime militar, o Cruzeiro retorna ao cenário brasileiro, porém mantendo o valor anterior.
Posteriormente, dado ao feroz avanço da inflação, caracterizado pelo sucessivo aumento dos preços de tudo, foi então criado o “Cruzado” em 28 de fevereiro de 1986. Na verdade, mais uma aposta em saber se o “novo antibiótico” conseguiria eliminar a doença e não o doente. Sabendo que a doença era a inflação e o doente era o próprio Brasil. Mais uma decepção!...
Surgiu então o “Cruzado Novo”, nascido no então plano de governo vigente, na data de 15 de janeiro de 1989 vigorando até março de 1990. Um verdadeiro fracasso!
Finalmente o ”Cruzeiro” fez a terceira e última aparição em 16 de março de 1990, embora não havendo corte de zeros. Onde, portanto, 1 cruzado novo passou a valer 1 cruzeiro.
Sim! Era tudo uma espécie de “experimento” ou uma “aposta do tudo ou nada”, num cenário em que a inflação se mostrava totalmente impiedosa, causando uma desvalorização inexorável da moeda.
Na data de 1º de agosto de 1993, surge o “Cruzeiro Real”. Uma moeda a ter ficado menos de um ano em vigor.
E, já entrando no final do segundo tempo do quadro monetário, surge uma promessa em 1994: a Unidade Real de Valor (URV), para então tentar (assim como as outras moedas) controlar a elevação dos preços. A qual realmente exerceu sua tarefa e sendo a precursora do Plano Real.
Criou-se, então, em 1º de julho de 1994 o Real a partir da equipe econômica de Fernando Henrique Cardoso, quando ainda era ministro da Fazenda no governo Itamar Franco, e sendo (conforme foi anteriormente dito) até hoje a nossa moeda. O real se manteve estável, com uma minúscula desvalorização inicialmente. Na verdade um dólar valia cerca de R$ 1,2 até 1999.
LEMBRANDO UM POUCO DOS ANTIGOS TEMPOS
“Eu gostaria de viver como um pobre, mas com muito dinheiro”
(Pablo Picasso)
Pois bem!
Que ninguém me ignore ou ria no qu’eu iriei dizer agora:
Ainda me lembro, sim, ... e muito bem:
Todos passavam pela calçada (movimentada ou não)
E não havia como não reparar:
Em que se via no chão ... uma nota de 1 cruzeiro (ou 1 cruzado)
E, que coisa mais incrível! ninguém a pegava (nem mesmo mendigo)
Ao que todos a deixavam lá ... n’aquele mesmo lugar
Na sintomatologia monetária de que o nosso dinheiro perdera o seu valor
Hoje em dia, ah! qualquer um que se aviste uma moeda
de 10 centavos apenas, vede-o ... a se dar ao trabalho de agachar
(justamente par'aquela moeda apanhar)
Oh! Seria visto que a moeda ainda vale alguma coisa ...
... ou porque não temos nada no bolso?
Meu amigo, você já se deu por conta que a inflação está voltando?
(Na verdade, ela já voltou!)
Então, caso não se faça nada para conter a inexorabilidade
... de su’ação, pode ter certeza:
Os tempos de enxergar uma moeda de 1 real no chão
(e que ninguém por sua indiferença a queira pegar)..
... logo logo voltarão!
Faz-se preciso, portanto, saber "combater" nesta guerra [global],
cujas melhores armas são:
A "inteligência" e a "competência" ... com relação ao dinheiro
Bom, mas é preciso ver o país sob uma ótica justa:
Comparando com o que já passamos,
estamos numa situação muito melhor (no que diz respeito a Economia)
Verdade seja dita
Sim, aqueles tempos foram por demais cruéis
14 de outubro de 2024
IMAGENS: INTERNET