"OS GOLPES MASCARADOS DE "SERVIÇOS FINANCEIROS" Crônica de: Flávio Cavalcante
OS GOLPES MASCARADOS DE “SERVIÇOS FINANCEIROS
Crônica de:
Flávio Cavalcante
A era digital trouxe consigo inúmeras facilidades, permitindo que, com alguns cliques, resolvêssemos boa parte de nossas pendências financeiras. No entanto, ao mesmo tempo que evoluímos, os golpes também se sofisticaram. Um dos mais astuciosos envolve aquelas ofertas que parecem inofensivas, apresentadas por lojas, financeiras e outras entidades. Elas chegam sedutoras, oferecendo um cartão de crédito "exclusivo", com limites atrativos e condições aparentemente irrecusáveis. Mas, por trás dessa cortina de benefícios, esconde-se uma armadilha que muitos consumidores só percebem quando é tarde demais.
É assim que a trama começa. O consumidor recebe uma proposta de cartão de crédito, muitas vezes vinculada a uma loja conhecida. A promessa é de praticidade e benefícios como descontos em compras futuras ou programas de pontos. A loja ou a instituição parece confiável, e, em um momento de necessidade ou impulso, o cliente acaba aceitando. O cartão é enviado e, junto com ele, a promessa de que a senha chegará logo. Mas essa senha nunca chega.
Passam-se os dias, o cartão fica inutilizado, e o cliente se esquece da oferta. Mas eis que, como um fantasma, surge uma fatura inesperada. Nela, consta a cobrança de uma anuidade por um cartão que, ironicamente, nunca foi usado. E aqui está o golpe: o consumidor foi amarrado a uma dívida por um serviço que sequer conseguiu usufruir. Ao tentar resolver o problema, descobre-se que a loja, aquela em que ele confiava, na verdade, apenas terceirizou o serviço para uma financeira, muitas vezes desconhecida, que agora se recusa a cancelar o contrato ou estornar as cobranças.
Esse tipo de fraude tem se tornado cada vez mais comum. O consumidor, envolto pela segurança do nome da loja, acredita estar adquirindo um serviço legítimo. O que ele não sabe é que, na realidade, muitas dessas lojas apenas cedem suas marcas para instituições financeiras duvidosas, que usam a confiança que temos nas marcas para nos ludibriar.
É preciso atenção redobrada. Antes de aceitar qualquer oferta de cartão ou crédito, é crucial verificar a autenticidade da empresa por trás da proposta. Questione se é realmente a loja que está oferecendo o serviço ou se há uma terceira instituição envolvida. Leia as letras miúdas, investigue a procedência e, acima de tudo, desconfie de propostas que parecem boas demais. O consumidor não pode ser refém de entidades que, de má-fé, aproveitam-se de sua boa vontade.
A solução para evitar esses golpes é simples: a prudência. Nunca aceite um serviço financeiro sem antes pesquisar. Ligue para a loja, pergunte sobre o cartão e confirme a procedência. Se a proposta vier de uma instituição desconhecida, é melhor recusar. O barato pode sair caro, e no final, quem paga a conta – com juros e anuidades abusivas – é o consumidor desavisado.
O cenário é preocupante, e o mais grave é que essas práticas, quando descobertas, deixam também as lojas em uma posição delicada. Mesmo que não tenham participação direta no golpe, suas marcas ficam manchadas pela associação. Portanto, tanto as empresas quanto os consumidores precisam estar atentos. Afinal, no mundo dos negócios, como na vida, nem tudo o que brilha é ouro. E, às vezes, aquele cartão reluzente é apenas mais um caminho para a armadilha financeira.
Flávio Cavalcante