DOCE VINGANÇA
Perdoar é coisa dos anjose estátuas. Nós, reles criaturas de pele, osso e suor, salivamos diante da possibilidade de esmurramos o oponente até vê-lo estatelado no chão. Mente ou dissimula quem diz que dá a outra face. Podemos esperar uma vida toda e até diversas encarnações, mas não sossegamos o tacho até revidarmos, se possível em dobro, cada olhar atravessado, cada desavevença, cada nota fora do tom. Isso foge à nossa razão, é a pele do instinto fazendo reverberar o seu canto. Quando damos o troco, deixamos a alma em estado de graça, dançando devidamente alforriada com a maravilhosa e impagável sensação de dever cumprido.