Crônica: Nada a Ver!
Andando pelas ruas de minha cidade, devagar e mergulhado em reflexões profundas.
Andar ajuda na ginástica do cérebro e muito mais com um objeto e mente....
Uma situação que está tirando o meu santo sono.
Não consigo dormir mais...ao fechar os olhos aparece a imagem viva e assustadora. A infância vem à mente com seus medos e surras quase diárias.
Por nada levava chineladas , sem contar com o quartinho do escuro. Para pensar...
Mamãe sempre fora lasciva e mentirosa com meu pai. Um sujeito duro e frio quecasou por conveniência. Uma mulher para cozinhar, lavar roupas e limpar o bumbum das crianças.
"Casamento bom o meu" - nada melhor que uma boa esposa.
Os anos foram passando, e o preço da convivência implacável... Surras abuso de todo tipo.
- o diabo ao casamento
- não aguento mais
- vou embora.
Assim de mal a pior a relação acabara.
Papai desapareceu no mundo...
Fiquei órfão de pais vivos e ausentes.
Drama íntimo.
Sepultado na sombras do passado.
''Tudo acabado" - refletia alto com muita raiva.
Voltando a cena inicial da narrativa, vemos um homem com duas caras e comportamentos.
Solitários com medo do mundo, mas libertino depois da primeira dose de álcool.
Mas as cenas desapareciam na bebedeira.
Livre se sentia, até podia voar para longe de suas memórias . Algo despertou- lhe o inferno e vergonha ..
Uma voz na consciência -dizia fundo que nada valia a pena- que a morte o descanso.
"Já estou morto, e nada importa mais"
As lamúria vão se somando- estou enfadado com esse enredo que gira e gira e não consigo acabar.
Mas como sou bonzinho e prezo a simpatia com o protagonista. Que no final fica bêbado e chora e chora e derrepente apaga num sono edificante.
Conclue- se que nada tem a ver com sua tragédia.
Apenas uma coincidência pitoresca.
Vou me embora
Para bem longe
Onde nada me prende
Sou livre e leve
Nas cidades serranas
Onde as crianças brincam com as galinhas
O porco foge do chiqueiro
Cavalo trota veloz
Aí sou rei e a lei
Na minha cidade
Vilinha no pé do monte
Esquecido do mundo
Parado no tempo
Assim concluo a pequena peça que não tem nada a ver coma história narrada.
Obrigado pela paciência de ter lido.
Nada a ver mesmo...