DEU A GOTA!
Jogo mil palavras para cima, as que caírem formarão minhas crônicas, descartadas as que se enroscam nas nuvens, nas árvores, nos aviões sobrevoando meu espaço aéreo e no vácuo inesperado. Por vezes, para minha surpresa todas caem sobre a tela branca e se amontoam provocando a criatividade, aguçando a imaginação. Usá-las demanda esforço mental razoável visto criarem o caos na inspiração .
Quando desabam embaralhadas, ah, jogam-me na ansiedade, transformam as frases em rabiscos ininteligíveis. Então sou forçado a repo-las nos devidos lugares previamente planejados. Embora me cansem sobremaneira se chegam a essa altura, sem dúvida também divertem e contribuem para incrementar a inventividade, saio mais sábio, termino mais conscio do quanto sou pequeno no universo literário.
Onde descubro tantas palavras? Planto e colho sem parar diariamente, semeio nas cotidianas leituras, observo os dicionários, anoto as novidades, pesquiso os mestres da área. O cérebro rala que não é mole, poucos tem consciência disso. O escritor assemelha-se aos atletas físicos, ele realmente corre uma maratona ao começar a escrever, pensam o quê?
A mente cansa, as mãos entorpecem, o corpo arqueja, os olhos tremulam. Todavia vale a pena estar diante do resultado da chuva de palavras jorrando do céu em direção a minha cabeça após serem catapultadas para cima num instante de loucura criativa.