SOB A OTICA DO TEU OLHAR
Vou confessar, não era por causa da timidez, claro que não, nunca fui tímido, se fosse teria sido bastante fácil vencer o obstáculo psicológico. Tratava-se simplesmente da maneira como eu próprio enxergava o meu sorriso, do receio cá na alma de que ela visse de modo igual à minha perspectiva.
Resumindo, eu me achava feio quando sorria. Não que circunspecto eu parecesse belo, longe disso, mas o ato de sorrir, o coração dizia, tornava o rosto difuso, afastador e indigno de ser admirado.
Ela não via assim, pelo menos demonstrou quando de certa feita me fez sorrir e baixei a cabeça. Gesto que aliás já tinha acontecido, eu sempre agia assim nesses momentos. Mas naque dia, depois de muitos sorrisos escondidos, decerto esperando que tal maneira de ser fosse algo passageiro e não era, perguntou-me o por quê de eu sempre disfarçar a alegria curvando o rosto.
Enrubesci, sério, por ser de chofre surpreendi-me. Sem lhe encarar os olhos respondi que tinha vergonha do meu sorriso. Ela me abraçou ternamente, beijou meus lábios com a suavidade da ternura e me repreendeu amorosa. " Meu amor, nunca mais faça isso, seu sorriso é lindo!"
Senti tanta calma, tanto gozo espalhado pelo corpo, aquele alívio do pesado fardo retirado dos ombros. " Olhe para mim e sorria ", pediu ela. Levantei o rosto sem acreditar na força que me veio e o sorriso mais profundo brotou do meu coração. "Viu", sussurrou ela, " além de lindo o seu sorriso brilha e encanta, nunca mais o esconda de mim. "