CONTRASTES
Passei praticamente a minha vida toda no Recife, cuja coordenada geográfica situa em 8º de latitude Sul.
Há doze anos mudei para Santo André/SP que fica a 23º de latitude Sul, exatamente no local em que foi determinado o Trópico de Capricórnio e essa particularidade nos dá a impressão de que estamos numa rotatória daquelas grandalhonas que interligam várias rodovias, semelhantes à Rosa dos Ventos impressas nas bússolas.
Enquanto no Recife a variação de temperatura varia ao longo do ano, por aqui, podem ocorrer fortes e bruscas variações em questão de horas.
Há inversão térmica e variações na pressão atmosférica, no teto de nuvens, no alcance de visibilidade, na umidade relativa, na direção dos ventos e ocorrência de névoa seca ou úmida, tudo junto e misturado dentro de um mesmo dia que são coisas até então inimagináveis para mim.
Tudo isso se deve porque, como numa grande encruzilhada, chegam até nós as frentes frias vindas do Sul, as chuvas que se originam nos ciclones extratropicais do Atlântico, a brisa morna vinda do Nordeste e as ondas de calor intenso que fazem a umidade relativa chegar a níveis de deserto e também fuligem e fumaça das queimadas nas Regiões Norte ou Oeste.
A observação empírica dos antigos paulistas cunharam o ditado: “névoa baixa, sol que racha” e é fato, geralmente a névoa do amanhecer traz consigo um calor de rachar, principalmente se o tempo permanecer nublado.
Quando o céu está limpo, é interessante observar o deslocamento das nuvens nas diversas camadas da alta atmosfera, semelhantes a rios, formam correntes em direções diametralmente opostas ou não com velocidades e tonalidades diferentes.
Nesta primavera, com as temperaturas máximas variando entre 36ºC e 14ºC quando aquele frio que deveria ter ocorrido no inverno vem nos visitar, há também amostras do verão que sugere será causticante e a ocorrência das tempestades que atravancam tudo.
Temos garoa fininha para umidade relativa perto dos 100% e também os dias secos com menos de 20% para secar todo trato respiratório. Brisas suaves e rajadas de ventos acima dos 50 km/h.
Isso tudo nos dá a certeza de que pelo menos de tédio climático os habitantes de São Paulo não morrerão e de que continuarão portando mochilas com roupas adequadas para as quatro estações todas as vezes que saírem de casa.