Herói ou vilão
As receitas para curar a vida do outro têm muitas fórmulas, e as indicações nunca foram testadas por quem prescreve. Geralmente, os doutores à distância sabem o diagnóstico dos problemas alheios, indicam tratamento alternativo, mas morre do mesmo mal. O autoexame não é uma prática aceitável. São tantos conselhos, julgamentos e achismos que as contraindicações da bula de remédio tornam-se sem efeito. Neste sentido, não escutar as orientações de quem não sabe de sua realidade é uma boa dose de bom senso, e as pessoas pensam que conhece o seu problema mais do que você. É muito fácil administrar as patologias alheias porque as nossas são mascaradas pela falta de conhecimento. Entretanto, tudo é permissão. E a permissão precisa ser consentida, validada e parametrizada. Deve haver um ajuste na norma de conduta, caso contrário a relação social será equilibrada sob uma linha tênue. Face ao exposto, não apresse o rio, ele corre sozinho. A intenção pode ser das melhores, mas ainda assim, muita calma nessa hora. O indivíduo, na sua essência, precisa ser ouvido, o que não significa intromissão de ideias e orientação. Há tanta direção de consciência que o indivíduo acaba se perdendo. Não se trata de consulta pública ou referendo de um determinado assunto, é o destino do outro. E a decisão não é arbitrada numa partida de futebol ou numa roda de samba. O detentor do problema que administre da forma que achar e bem quiser. Além do mais, quando o palpite dá certo nem muito obrigado, mas se der errado a zebra é você. Nesse sentido, não seja herói das causas erradas, pois até o homem sem pecado foi pregado na cruz.