E O QUE RESTOU? Ah, sim! No peito em vez de medalhas, Cicatrizes de Batalha foi o que sobrou para mim
E O QUE RESTOU? Ah, sim! No peito em vez de medalhas, Cicatrizes de Batalha foi o que sobrou pra mim
(Vento Lusitano)
No último domingo, em parte, a eleição 2024 foi concluída. Alguns tiveram êxito, outros não, alguns ainda permanecem no campo de batalha por mais tempo, até se encerrar o segundo turno. Além do que, também, alguns candidatos e não candidatos, no desespero de lograrem êxito em sua candidatura e/ou em ver a vitória do candidato escolhido acabaram infringindo o sábio ditado popular: “O que não disse hoje posso dizer amanhã, mas o que disse não pode desdizer amanhã.”. Pronto, muitos não conseguiram segurar e acabaram dizendo o que não deviam, a emoção se sobrepôs à razão, os estragos foram feitos. Estragos tanto no âmbito da amizade quanto da esfera familiar, este último o pior deles. Resulta daí a indagação: - Das palavras que não deveriam ser ditas mais foram, pode haver perdão? – SIM. Pode haver perdão. No entanto, penso que o perdão fecha um circulo, fecha um tempo. O perdão poderá ser dado, mais jamais será esquecido.
Diante deste contexto, sem desejar, e não sei o porquê, acabei por lembrar à bonita e significativa música nativista gaúcha de Leopoldo Rassier, denominada “SABE MOÇO”, onde em determinada parte ela diz: [E o que restou?] [Ah, sim!] No peito em vez de medalhas] [Cicatrizes de batalhas] [Foi o que sobrou pra mim] [Ah, sim!] [No peito em vez de medalhas] [Cicatrizes de batalhas] [Foi o que sobrou pra mim].
A meu ver não há medalhas ou honrarias para heróis, mas tão somente cicatrizes de “batalhas”, muitas feridas serão curadas, outras não, principalmente aquelas no âmbito familiar. A verdade é que há vitoriosos e derrotados. Isso faz lembrar a história a respeito da República Romana. Conquistas militares excepcionais mereciam as mais altas honras possíveis, que ligava o vir triunfais (“Homem do triunfo”). Com efeito, o general estava perto de ser “rei por um dia” e, possivelmente, perto da divindade. Desfilava em sua carruagem triunfal enfeitada com amuletos contra a possível inveja e malícia de espectadores. Um companheiro ou escravo público que o acompanhava, de tempos em tempos, alertava o general dizendo: “Lembre-o de sua própria mortalidade” (memento mori). O alerta ao general era para que ele também não esquecesse que também poderia morrer, era para baixar à Soberba. Sendo assim, penso que o momento é providencial, aos vitoriosos ganhar é bom e satisfaz, mas se deve baixar à Soberba, pois ao contrário se estará dando início a uma futura derrota. Aos derrotados aceitar o resultado com dignidade já é o primeiro passo, primeiro exercício de preparação para uma futura vitória.