NA FILA DO PÃO
E quem sou eu na fila do pão? Sou mais um esperando pela delícia de farinha quentinho e saboroso, que alegra qualquer hora do dia. Sou um cara normal, pelo menos penso, o poeta disse certa vez que "de perto ninguém é normal", como a pessoa mais próxima a mim eu digo que sou bem normal, sim, não reconheço traços de anormalidade em minha pessoa.
Sou assim, gosto de pão, de massas em geral, mas também gosto de salada, mas não tanto quanto de massas e carnes, lembrei que gosto de churrasco, sei até fazer, mas tenho preguiça, tem quem faz melhor do que eu, então aproveito. Cerveja eu já bebi mais nessa vida, hoje em dia diminuí a quantidade, acho que é a idade.
Um certo dia eu conduzi a Tocha Olímpica, foi a coisa mais legal que eu já fiz, ainda sinto o calor do fogo olímpico aqui no rosto, foi um privilégio para o qual nunca mais fui convidado, mas fazer o quê, né? Será que serei recebido pelos deuses do Olimpo um dia? Ainda não quero saber.
Torço para o Tupi, um time aqui da minha cidade, está a beira de acabar, e se realmente acabar não sei para quem vou torcer, acho que vou me tornar um sem-time, é melhor, assim posso zoar todo mundo e ninguém vai poder me zoar de volta.
Enfim, sou este que está aqui na fila do pão, o de óculos, atrás da mulher de verde e conversando com o senhor barbudo, enquanto o moço não traz os pães, fico aqui conhecendo pessoas que depois se esquecerão de mim, e, fatalmente, eu delas. Mas do pão ninguém esquece!