DOCE GOSTO DA ENVELHESCÊNCIA
O passar dos anos tem gingada curiosa. Não são só as articulações que estalam. A alma reclama a todo instante, reverberando acordes até então pouco cortejados. As salpicadas com viés sábio merecem aplausos. Cicatrizes que os erros cravaram são escoras pra evitar novas ciladas. O coração, já calejado, aprendeu a entoar o canto sem sair do tom. As vértebras que compõem o rito ecoam resilientes. O querer-bem, em plena estrofe, é belo, saudável e sorridente. Desejos que outrora reverberavam agora são pegadas avistadas ao longe. Por vezes, tudo ameaça nublar, desandar, desarrumar. Mas logo retoma o prumo de orquestrar os dias como os anjos mandam. É tempo deveras peculiar, repleto de poros com cheiro doce e tremular abençoado. Assim vou seguindo nessa trincheira, aguardando a próxima toada, o próximo verbete, o próximo que for.