MEUS AMIGOS MALUKETS
Tenho alguns amigos um tanto esquisitos e é justamente suas esquisitices que tornam as nossas relações mais gostosas e duradouras.
A S. se autointitula terapeuta neurobiológica e leva os pacientes para serem atendidos por ETs que vivem numa nave. Garante que cura até câncer.
O M. faz regressão de vidas passadas e diz ter sido em outras encarnações cigano húngaro, cocheiro do interior da Rússia e prostituta de cabaré na Tailândia, com clientes nos vários cantos do país e do exterior.
A F. é aposentada do Banco do Brasil e tem como missão de vida fazer com que moradores de rua se tornem budistas. Morou um tempo no Japão e lá conheceu essa filosofia que passou a dar novo sentido à sua vida e, possivelmente também, de muita gente que dorme ao relento.
E o J. é devoto do cacique Ranoá. Há alguns anos, ele acampou com amigos do colégio na Praia Grande e lá conheceu um pescador que era devoto desse cacique e lhe entregou uma conchinha que foi benzida pelo Ranoá. O J. não dá um passo sem antes pedir permissão a ele, a quem atribui o mérito das suas conquistas pessoais e profissionais.
Aprendi a conviver e respeitar as maluquices desses queridos amigos de tantos anos, com os quais também compartilho certas estranhezas que adoçam o meu caminhar.