SÓ NÃO ME CONVIDAM PARA TOMAR UMA
Parece uma coisa, é só eu digitar as primeiras palavras de um texto e começam a bater aqui na porta tirando meu sossego, coisas de quem mora em apartamento e a esposa é síndica, reclamam de tudo até de vazamentos entre apartamentos, que o condomínio nada tem com isso, sendo que os vizinhos envolvidos devem entrar num acordo para resolver o problema, mas, enfim... Quanto ao telefone tocar, eu não atendo, é tranquilo.
Então vou escrevendo o meu texto por partes, esse, por exemplo, já foi interrompido duas vezes, um morador reclamou do cara que faz a leitura da água, o outro que o carro do vizinho está atrapalhando sua vaga, por que não bate na porta do cara que estacionou mal o carro? E aqui é um prédio pequeno, todo mundo conhece todo mundo, não é difícil resolver nada. E... bateram de novo..., era uma vizinha querendo fazer fofoca, cortei, não gosto. Acabei me esquecendo o que ia escrever no início do parágrafo.
Eu sei que essas coisas não acontecem só comigo, mas parece que sim, eu devo atrair esse tipo de situação só por estar vivo, acontece sempre, quando não acontece, fato raro, sinto falta, não é uma loucura? Mas é verdade! Agora tocou o interfone, é o homem do gás, o toque dele eu conheço e não vou atender!
Bom, hoje é sexta-feira, e até agora não bateu um vizinho sequer para me convidar para tomar uma, mas isso nunca acontece mesmo, quem sabe hoje é o dia? Espero isso acontecer mais do que tenho esperança de ganhar na loteria, o fato é que não jogo. Talvez se eu fizer uma fezinha na loteria tenha mais chances de ganhar o prêmio do que um vizinho me convidar para uma cerveja, vou pensar nisso, se de repente eu sumir, não se preocupem... Opa, tocaram aqui de novo... Não era convite para uma cerveja...