Orações

     Já fazem alguns dias que eu venho correndo feito doido para realizar alguma coisa boa em minha vida. Comecei dia primeiro do mês passado, organizei alguns textos, até que bons, que havia escrito na juventude, e os revisei a todos enquanto produzia alguns novos. Feita a revisão daqueles e dos novos me propus a expô-los, publicá-los para entretenimento de quem quisesse os ler. Até então nada de novo, escrevemos para sermos lidos e isto é ponto passivo. Mas o meu sonho mesmo era ter um livro com minha assinatura no final. Foi o que fiz. Está encaminhado e em breve estará pronto.

     Durante o processo encontrei novos amigos, com o mesmo ideal e me propus a auxiliar a quem quisesse e acredito que este passo está sendo útil, e é até prazeroso. Pessoas com quem nunca havia conversado me apoiando e aceitando o meu apoio. Eu descobri talentos jovens e uma perspectiva boa de que a juventude salvará esta arte, quiçá, este planeta condenado. Isto aguçou minha vontade de continuar trabalhando nesse sentido.

     Naquele processo de reunir textos e poesias, esqueci de contar sobre as poesias, então, naquele processo iniciei em paralelo, um livro de conto, muito belo a meu gosto, ao qual estou dedicando muitas horas do meu descanso para compô-lo, e iniciei também um terceiro projeto de mais poesias e crônicas, este aqui. Resumindo, estou sacrificando quase todo o meu período de descanso e lazer em nome de um sonho que cresceu, e ainda estou disposto a ajudar quem precisar e cruzar o meu caminho.

     Este é o lado bonito. Agora vem o lado feio. Está dando certo toda essa correria? A minha cabeça está bem no meio de tudo isto? Deveria, mas não está. Junto dos bons momentos de euforia, entusiasmo e satisfação em estar realizando um sonho de menino, veio o estresse extremo, a exaustão. Estou fadigado, morrendo dentro de um sonho bonito.

     Foi esta noite, durante a limpeza do meu local de trabalho, o oficial, porque eu não vivo de escrever, ainda, e talvez demore um bom tempo, pois esta arte não é valorizada neste país tão cultural e eclético. Esta noite, no meu trabalho oficial me ocorreu uma coisa realmente grave. Quem é o dono de tudo neste mundo, no universo, em tudo? Independente de sua crença, e eu espero que você não seja ateu, você crê que quando tem um bom propósito, pode e deve confiá-lo a um Ser Supremo para abençoar e dar forças de prosseguir, apesar de toda fadiga e estresse, e a não fazer nenhuma besteira por conta disso. Você orou? Conversou com Ele que é dono de tudo? Pediu forças e bênçãos? Fez as pazes depois dos pecados que cometeu, mesmo sem saber que eram pecados?

     Não. Não. Não. Não e, não para todas as possíveis questões nesse sentido, e, depois de quase desistir, depois de quebrar a cara por conta do estresse, da raiva e da fadiga, me coloquei diante Dele, de joelhos e, timidamente, eu pedi perdão, paz e benção. Isto depois de não sei mais quanto tempo longe de Sua presença. Engoli o orgulho de achar que podia tudo sozinho e orei. Mas Ele não quer apenas o arrependimento, a humildade, a paciência da espera, a resiliência. Ele quer também um testemunho fiel à tudo isso, e eu, como escrevo quase tudo o que sinto e penso, de mim, eu senti que Ele quis que testemunhasse a força que foi haver orado, com a alma aberta e livre, depois de tanto tempo. As minhas lágrimas rolavam de arrependimento e de dor. Como pude eu ser tão orgulhoso a ponto de achar que conseguiria sozinho? Orei, e as palavras que proferia feriam minha própria paz e orgulho, feriam o meu narcisismo, feriam, dilaceraram a minha alma. Ele, no final de todo aquele meu lamento, não sei como fez, apenas sei que sumiu tudo aquilo que me castigava a própria existência. Ele me abençoou com esta paz que sinto agora e que quero compartilhar.

     Orai, falo com toda minha alma e coração. Diga a Ele tudo o que sente, pensa e precisa. Lava de ti toda esta sujeira que te entristece e faz pesar o espírito e o coração. Arranca, mesmo, sem dó, de dentro de ti este pedaço podre que te contamina todo o ser e joga-o fora para bem longe. Orai, e se consagra de corpo, alma e coração para Aquele que te criou. Enalteça-te diante Dele, descanse na Sua paz e com a fé de que tudo o que há de bom tem dia e hora certa para chegar, confia.

     Sou espírita, e como espírita respeito e compreendo todas as religiões e crenças, digo que meu espírito ficou branco, transluzente, naquele momento, e espero que fique assim, nesta paz, por muito tempo. Neste estado de louvor e alegria. É o filho pródigo que retornou à casa do Pai e foi bem recebido e bem cuidado, como há muito não acreditava que merecia. Paz e bem!

Josemar Fonseca
Enviado por Josemar Fonseca em 02/10/2024
Código do texto: T8165048
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