Aprendizado das chuvas torrenciais
Chuvas torrenciais e neve matam pelo menos dez pessoas nos Estados Unidos. Em Moçambique inundações matam pelo menos cinqüenta pessoas que viviam em aldeias á beira do rio Zambeze. Na Etiópia chuvas diluvianas fazem pelo menos duzentos mortos e milhares de desabrigados. Grande parte da Áustria desde o final da semana passada está debaixo d´água. Na zona ocidental da Indonésia a chuvarada provocou deslizamentos de terra. Chuvas torrenciais paralisaram o Rio de Janeiro e pelo menos nove pessoas morreram hoje devido a queda de chuvas caudalosas. Pesadas chuvas caem sobre a terra e há desmoronamentos.
Quando liguei a televisão o arauto noticiava o inventário das enchentes. No Brasil o quadro meteorológico não esconde o triste fim a que se expõem as casinhas penduradas no morro. Sob os desígnios do morro. Quando alguma chuvarada resolve varrer os destinos carrega os mais simples e mais crentes para os azares do abandono. Como melhorar a vida dessas populações? Mesmo que pudéssemos prever com antecedência o nível de chuva de que adiantaria um alerta?
Fiquei comovido como o diabo com a imagem das casas desabadas. Da senhora que faleceu vitimada pela enchente. Fiquei comovido como o diabo com o gesto da moradora... Perdeu quase tudo na enxurrada. Que alma boa e pura! Colocou a mesa na calçada inundada, depôs algumas xícaras, alguns pães, passou café oferecendo aos vizinhos desabrigados o primeiro alimento para o dia tão pouco cheio de glória. Que gesto humanitário e simples. Inesquecível ficará para sempre nesta crônica. A cena passou correndo pelos olhos graças à pressa televisiva de tudo mostrar.
Comovido vi essa mulher brasileira sozinha e sem nada. Vi o quanto ela representava o estado num momento de tragédia, representava sozinha... Um estado que demora diante da pressa, mas que se orgulha da sua grandeza. Essa mulher heróica em comoção de solidariedade me fez sentir o único estado que deveria existir sobre a terra. O estado da solidariedade.