O QUINTO DOS INFERNOS
No Brasil colônia do século XVIII, qualquer atividade econômica estava obrigada a transferir para a metrópole o equivalente a 20% do resultado.
Era o quinto real, que na boca miúda dos colonizados passou a ser conhecido como o quinto dos infernos.
Esse imposto foi origem de muita revolta popular, entre elas o grito de república no senado de Olinda com Bernardo Vieira de Melo em 1710, ou mais tarde, 1789 a inconfidência mineira com Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
Claro que, como naquele tempo a igreja e o estado eram praticamente a mesma coisa, o devedor em vez de transferir para Portugal, poderia fazer doação para a igreja de valores que, dependendo da amizade e das vantagens para o pároco, a metrópole e a santa Sé, ficavam com a menor parte.
Tanto naquela época como hoje, os impostos que pagamos caem no limbo das coisas mal explicadas, desparecem nos meandros da corrupção, dos contratos fraudulentos e, entra ano e sai ano, reclama-se ao vento, mas nada muda.
Hoje a nossa carga tributária gira em torno dos 43% e os impostos que pagamos, não mais sobre a produção, mas sobre o consumo, é mais do que o dobro do quinto dos infernos da época colonial e os deputados, nossos pretensos representantes, além de não exigirem ações do poder executivo para a redução desse percentual exorbitante, têm o descaro de criar despesas extras como o injustificável e imoral fundo eleitoral.
Nosso sistema político não permite as ações rápidas que o parlamentarismo proporciona.
Salvo algum crime maior, só podemos substituir os governantes e representantes a cada quatro anos, mas podemos a partir da próxima eleição, não votar naqueles que utilizam o fundo eleitoral e exigir dos eleitos as tratativas para a redução de impostos, sob pena de que o seu mandato seja único.
O voto é a arma que temos e rejeição popular é a única coisa que político teme.