De Kraftwerk a Martinho da Vila
O gosto dele para música é bastante eclético.
A começar pelo estilo: vai do blues até a eletrônica.
Caminha pelo country, chegando na autêntica gaúcha.
Aprecia as melodias infantis e não deixa de curtir promissoras sonoridades instrumentais.
Sapateia quando ouve um som latino e se emociona pensando nas letras tristes das composições românticas.
É do tempo da Jovem Guarda e das marchinhas carnavalescas, mas também aprecia a delicada MPB.
O rap lhe apetece, assim como também o reggae, tanto estrangeiro quanto nacional.
Ele se delicia ao ouvir moda regional, passeando pela cultura paranaense, do sul, até o bom baião, do nordeste.
Ouve com atenção cânticos sacros, independente de compositor(a) ou intérprete, seja padre, pastor ou apenas cantor(a) de música gospel, de qualquer religião, mesmo que não seja a dele.
O que admira são as ideias nelas incutidas, apropriadas para encontros, reuniões de grupos de rua e grupos de oração.
Muitas ainda servem como exemplo de vida.
Nada melhor para ouvir quando o sol se põe do que um rock estrangeiro e, quando o dia amanhece, é salutar escutar um rock nacional.
Como bom brasileiro, ficaria sem sentido se ele não admirasse samba e toda obra sertaneja, passando, por criações que ilustraram trilhas sonoras de filmes.
Então vamos à versatilidade que mais o exemplifica. No começo, ele e a esposa gostavam de ouvir Nazaré Pereira.
Cantora, compositora e atriz acreana. Além de suas composições, cantava músicas do Gonzagão que falavam de terra, ritmos, tradições. Nazaré mudou-se posteriormente para a França, seguindo a carreira por lá.
Depois passou para o samba e ficou fissurado pela malemolência das músicas de Martinho da Vila. Adquiriu todos os LPs do cantor, compositor e escritor. Tem também todos os treze livros do filho de lavradores do Cedro Grande, que lhe enviou o livro Romance Fluminense, autografado, em agradecimento por citar as filosofias do Martinho, colhidas das letras por ele compostas. Foi ver o Sargento do Exército três vezes. Nos shows, o cheiro predominante era de cigarro.
Por fim tornou-se fã do grupo musical alemão Kraftwerk. Suas músicas eletrônicas ele coleciona desde o primeiro disco em que eram somente dois componentes, Ralf Hunter e Florian Schneider, este já falecido. Viu a banda alemã uma única vez.
Foi no último final de semana em São Paulo. O odor sentido no espetáculo era o futum de marofa que invadia as narinas do público. O clímax da apresentação foi a música Boing boom tschak, que ele fez questão de repetir o título de forma intermitente, imitando seus ídolos.
Faria de tudo para ver mais vezes ambos, pois os acha estupendos, esplêndidos, fantásticos, deslumbrantes, extraordinários.
Aroldo Arão de Medeiros
02/05/2023