"O CIRCO ELEITORAL BRASILEIRO" Crônica de: Flávio Cavalcante

O CIRCO ELEITORAL BRASILEIRO

Crônica de:

Flávio Cavalcante

Chega o período eleitoral, e com ele o espetáculo grotesco, um verdadeiro circo armado em rede nacional. Mas aqui não há mágicos ou trapezistas de verdade. As figuras que se apresentam são tão esdrúxulas que nos fazem questionar se estamos diante de candidatos ou de caricaturas mal desenhadas de uma nação que perdeu o rumo e o senso do ridículo.

O horário eleitoral gratuito, aquele momento que deveria ser um espaço para debater ideias, apresentar projetos e inspirar confiança no futuro do país, transforma-se em uma vitrine de absurdos. Ali surgem candidatos que não sabem nem falar direito, sem a menor noção do que seria representar o povo, quanto mais um país. São figuras que não conhecem a própria constituição, que tropeçam em palavras simples e revelam um abismo de desconhecimento. Como esperar que esses indivíduos possam lutar pelos interesses da população? Não conseguem representar nem a si mesmos.

Vemos candidatos analfabetos funcionais, desfilando frases feitas e jargões vazios. Eles buscam votos com discursos desconectados da realidade, enquanto usam a imagem de celebridades, palhaçadas ou promessas impossíveis. Se a política fosse uma ciência nobre, nesse cenário vira motivo de piada, uma farsa escancarada para quem tem olhos para ver. Os eleitores, que já sofrem com a desinformação e a falta de educação política, tornam-se plateia de um espetáculo deprimente. A urna, que deveria ser sagrada, vira palco para promessas vazias e propostas que mais parecem piadas.

Mas o pior não é a falta de preparo ou as figuras folclóricas que se exibem em trajes de gala. O pior é que muitos desses candidatos estão sendo eleitos. E, quando olhamos para as cadeiras ocupadas no Congresso, nas Assembleias e Câmaras, percebemos que eles não só estão lá, como também são responsáveis por decisões que afetam a vida de milhões. Esses são os futuros (e, em alguns casos, atuais) representantes da nossa nação, pessoas que nem sequer conseguem entender a complexidade do cargo que ocupam. O reflexo de uma política que se tornou uma verdadeira fossa.

A falta de respeito pelas leis eleitorais é um capítulo à parte. Vemos absurdos sendo cometidos, candidatos que compram votos, que trocam favores por apoio e que ignoram as normas básicas de civilidade. A justiça eleitoral tenta, mas não consegue acompanhar a avalanche de irregularidades. A política, que deveria ser um exercício de cidadania, se transforma em um lamaçal de interesses escusos, onde quem tem mais poder ou recursos acaba vencendo.

A política, em sua essência, deveria ser algo lindo. O ato de governar é um compromisso com o bem comum, um pacto com o futuro de uma nação. Mas no Brasil, em tempos de eleição, a política vira um grande circo, e os candidatos, palhaços trágicos que nos fazem questionar a direção que estamos tomando.

Essa situação é um reflexo de um problema maior, estrutural, que vai muito além de candidatos sem preparo. É uma fossa que precisa ser limpa e purificada, começando pela educação política e pela consciência coletiva de que não podemos mais aceitar qualquer um como representante. O Brasil, com todas as suas riquezas e potencial, merece mais do que isso.

Mas enquanto o show continua, resta ao eleitor assistir, com a esperança de que, um dia, o espetáculo seja substituído por algo mais digno e respeitável. Afinal, o Brasil precisa de líderes, não de palhaços.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 26/09/2024
Código do texto: T8160863
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