MENTES PRIVILEGIADAS

Na noite que dorme ouço o silêncio dos meus pensamentos, que vagam doidivanas aqui, ali e alhures. São vagos e absurdos devaneios vadios correndo sobre a linha do ócio, de um ponto a outro do tempo e do vento, desprovidos de sentido e desvairados. Os outros dormem, repousam da faina estafante imposta pela necessidade. Eu não, perco-me em ablusões com ou sem contexto, desespero-me sem rumo certo para a mente que nunca para.

Negando-me a enlouquecer em meio à confusão e ao caos provocados pelo voar das ideias e sonhos envoltos em meditação, escrevo. Agarro cada fluxo de imaginação, rabisco se qualquer jeito, nada se conecta, as palavras dançam desconexas e o barulho do silêncio se intensifica. É assim semelhante a uma orquestra sem maestro e os músicos tocam sem ritmo, sem compasso, descontrolados, gerando barulho incongruente ao invés de música.

Todos já se recolheram, menos eu, insistente que sou em permanecer atento ao que a serenidade me possa confidenciar. A paz noturna convida às letras, é quando tenho a impressão que sob as estrelas e o manto escuro do céu a criatividade flutua caprichosa e vibrante. Noite e silêncio, maliciosamente unidos, conspiram para isso. Talvez as boas obras tenham brotado nesse horário cúmplice das grandes mentes privilegiadas.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 25/09/2024
Código do texto: T8160129
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