O Sol e meu orgulho
Hoje, enquanto voltava do meu horário de almoço, algo comum se transformou em um daqueles momentos que a vida guarda em segredo para surpreender. Dirigindo por uma rua qualquer, meus olhos encontraram Marcella, de longe, e meu coração se encheu de orgulho. Ela estava toda uniformizada, com calça jeans e aquela camiseta azul escuro do Centro Médico em que ela trabalha. Não era apenas a roupa que me tocava, mas o que ela representava: o trabalho, o sonho realizado, o esforço de uma vida.
Ela voltava do trabalho, e eu me senti o pseudo pai mais feliz do mundo. Que linda ela estava! Seus cabelos cacheados, longos, agora com um tom levemente ruivo, se misturavam com os raios de sol que ainda restavam daquele início de tarde. O vento parecia brincar com suas mechas, e ali, naquele instante, ela não era mais a menina de outros tempos. Era a moça que construiu o próprio caminho.
Passei por ela no carro, dei uma leve buzinada, e ela me acenou com um sorriso na mão, um gesto simples, mas que carregava tanto. Continuei olhando pelo retrovisor, como se não quisesse que aquele momento terminasse. Ela acenou até o instante em que desapareceu do meu campo de visão, e eu fiquei ali, por mais alguns segundos, guardando aquela imagem.
Minha filha cresceu. Estudou, lutou, e hoje trabalha na área que sempre sonhou: enfermagem. E naquele simples aceno, naquele momento tão cotidiano, me vi transbordando de felicidade. Porque, às vezes, o orgulho cabe em um gesto pequeno, mas ecoa para sempre no coração.