Entre palavras e plataformas
Hoje, ao completar meu texto de número 100 publicado aqui no Recanto, decidi romper o véu da minha própria história. Por muito tempo, minha escrita foi um território reservado, um espaço íntimo onde as palavras dançavam solitárias, longe de olhares curiosos. Meus rabiscos, guardados em blogs esquecidos, eram como cartas não enviadas: pessoais, mas com a intenção de serem lidas, ainda que de forma discreta.
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O meu caminho começou em um tempo em que a internet ainda era uma novidade, um lugar onde a conexão entre pessoas parecia mágica. Lembro da euforia do Orkut, onde o mundo parecia menor, e os laços familiares se entrelaçavam em perfis e depoimentos. Foi no Orkut que reencontrei o meu primo Luiz Antônio, um verdadeiro farol em meio ao mar digital. Ele, um professor com olhos voltados para as artes audiovisuais, me apresentou ao Overmundo, um espaço onde poetas e escritores se encontravam como viajantes em busca de novas paisagens.
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Entrar no Overmundo foi como abrir as portas de um templo onde cada texto era uma oferenda. Fui acolhido por almas criativas que vibravam com a mesma paixão pela palavra, e a sensação de descoberta foi avassaladora. Aqueles comentários, muitas vezes poéticos, foram como a música suave que embala um sonho. Lá, deixei meus melhores textos, que agora se tornaram parte de um legado digital que, apesar das suas cicatrizes, continua a ressoar.
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Hoje, o Overmundo caminha com dificuldades, quase como um velho amigo que perdeu o fôlego, mas suas páginas ainda guardam ecos de risadas e debates profundos. Ao revisitá-las, percebo o quanto amadureci, como uma árvore que, apesar das tempestades, floresce em cada primavera. Aqui no Recanto, reinterpretei algumas dessas obras, uma forma de reverenciar a trajetória que me trouxe até aqui, sempre com a esperança de que cada palavra tocasse alguém.
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Agradeço a cada leitor (hoje, um pouco mais de 1200 almas) que, em algum momento, fez parte dessa jornada. Obrigado por permitirem que minhas inquietações fossem ouvidas e, de certa forma, compreendidas. Cada leitura é um sopro de vida que me motiva a seguir escrevendo, a continuar compartilhando minhas histórias. E assim, entre palavras e plataformas, vou trilhando meu caminho, sempre em busca de novas vozes e novos encontros.
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MMXXIV