Para todo o sempre
Para todo o sempre
Quando sobra um tempinho para fazer alguma coisa, penso em qual livro doar aos meus olhos e às vezes eles são atropelados por outras tarefas. Olho suas páginas espalhadas na trilha do trem que não me socorre. Apita. E não é como um apito de chaleira para um café ou avisos do microondas. Talvez um sinal de fábrica, ou desespero de um despertador. Seria um toque de recolher? Recolher as armas de todo dia e pôr em ordem o que pede a vida. E para que toda essa luta? Culpa do amanhã.
Já pensou se não houvesse amanhã?! O que seria do hoje que acaba junto às 24h? Mas não sejamos tão dramáticos. O amanhã pode ser aquele futuro que demora tempos. Pode até ser que já tenha expirado. Este amanhã não passa de inspirações que embelezam a música. Parece perto como um dia da semana e parece longe, como sempre, a tempo de ser alcançado. Portanto, se não houvesse amanhã eu poderia pintar um quadro, se soubesse ou a porta da sala. Temos a mania de querer fazer um pouco de tudo. Escrever eu já escrevo como dita a alma inquieta e aflita. Por falar nisso, é bom que haja amanhã para eu ter tempo de terminar meu romance. Ah! Ele vai fazer muita falta pro mundo! Em tempos em que romancear a vida pede urgência, o universo juvenil me agradeceria para todo o sempre.
Marília L Paixão