MATAR O AMOR.
O tempo mata o amor, promove despedidas, traz perdas, marca de saudade em brasa viva o coração incendiado na caldeira temporal em temperatura que liquefaz o ferro.
Coração morto de saudade, brasa viva que se desfaz e deixa o corpo.
Negar o amor é negar a vida, ela surge por ato de amor. Ninguém demonstrará que a vida não é amor. Quem não ama não vive, está morto.
Não há compreensão capaz de enfrentar a morte por um simples motivo, ela mata o amor. A saudade é o sepulcro da vida no aceno do tempo que se quer parado, estacionado, para não engolir a vida, o amor.
Não se nega aquilo que não se acredita.
O único ato que traz a vida, o amor, não pode ser negado pelo único que faz da vida saudade, a morte. E se ela nega a vida matando-a, não é amor como o ato que gera a vida no leito do amor.
O desamor é a morte que o tempo produz.
É impositivo calar-se quando a verdade é maior que o tempo, pois o tempo é soberano e absoluto, dono da vida e senhor da morte. Só o amor é maior que o tempo.
O silêncio é imperativo e eloquente, diz mais do que o verbo insidioso e infundado quando faltam razões convincentes.
Houve Quem responde-se não à morte, ela não existiria. Profissão de fé que acalma sem pacificar.
Muitos falam sobre o nada, o tempo do luto como se saudade fosse medida, se apagasse como se apaga a vida que foi amor pela chegada do tempo que mata a vida e faz a morte.
Quem mais deu testemunho do Império do Tempo senão o próprio tempo. Como a necessidade, o que é a necessidade senão a própria necessidade.
E o que é o tempo senão o massacre da vida pela perenização da memória que mata a vida e abre a porta da saudade que nenhum tempo de luto faz cessar?
E de quê se tem temor senão do tempo? Por quê?
Por matar o amor.
Celso Panza