A Mensagem de Amor

Os livros na estante, outrora grandes companheiros, parecem agora meras lembranças de um passado distante. Eles foram testemunhas silenciosas de noites mergulhadas em páginas, onde eu buscava respostas, compreensão e companhia. Mas, do muito que li, do pouco que sei, restou-me apenas o vazio de não encontrar o que realmente importava. Uma nova urgência tomou conta de mim, uma vontade inexplicável que me consome: a de te encontrar.

Não sei ao certo o motivo. Talvez a vida tenha nos ensinado que as razões perdem a importância com o tempo, e o que nos move é apenas o desejo de estar ao lado de alguém. Às vezes, é só isso: estar junto, sem palavras grandiosas ou gestos teatrais, apenas compartilhando o silêncio, a presença, o calor de um momento. Eu queria estar ao seu lado, nem que fosse só para ler em seu rosto uma mensagem de amor, aquele olhar que diz tudo sem precisar de uma única palavra.

À noite, deito-me na cama, e o silêncio se instala ao redor. É quando, em meio à escuridão, o ar parece murmurar segredos. Escuto tambores rufando ao longe, quase como um eco vindo de dentro de mim. Tento entender o que resta para oferecer, e percebo que tudo o que tenho é essa vontade incessante de te encontrar. Não são presentes materiais, nem promessas vazias, mas um sentimento puro e insistente que não consigo controlar.

Os motivos são como estrelas no céu: distantes e inalcançáveis. Quando olho para cima, para o céu estrelado, perco-me entre os astros. Vagando por entre esses pontos luminosos, percebo que, apesar de todas as luzes lá fora, meus pés continuam firmes na terra, presos à realidade. E mesmo assim, nada me move, nada me faz parar, exceto essa vontade de estar ao seu lado.

Talvez o amor seja isso: um desejo incontrolável de conexão, mesmo quando as razões se perdem pelo caminho. Talvez não seja preciso entender o porquê, apenas sentir. Estar perto, ainda que por um instante, só para ver no seu rosto uma mensagem de amor. O motivo, afinal, já nem sei. Mas, de algum jeito, ainda me basta.

Pai da Macella
Enviado por Pai da Macella em 24/09/2024
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