Meus professores
Elaborei esse texto com a intenção de, apesar de dizer sobre mim, na realidade falar sobre épocas e suas diferenças em relação a atual.
No Curso Primário, minhas professoras eram formadas no Curso Normal do ensino médio. Eram as charmosas “normalistas”.
No Ensino Médio, meus professores eram:
- de Física – formados em Física;
- de Matemática – formados em Matemática;
- de Química – formados em Química;
- de Biologia – formados em Biologia;
- de Geografia e História – formados em Geografia e História;
- de Português – formados em Letras;
- de Inglês e Francês – formados em Letras.
Na faculdade, eram formados em Engenharia Agronômica (a maior parte), Química, Física, Botânica, Arquitetura, Veterinária, Administração de Empresas e Engenharia Mecânica.
Todo meu período escolar, do Primário à faculdade, se deu durante governos militares e só em escolas públicas.
Todos os meus professores eram, como seria de se esperar, bons professores.
Em nenhum momento tentaram exercer na sala de aula o papel que não fosse de professor. Uns eram mais amigos, outros indiferentes e alguns até “carrascos”.
Era um tempo em que íamos a escola “para estudar” e quem não ficasse com média 6 ou 7 ou acima, “não passava de ano”, não tinha mi-mi-mi nem chororô.
Porém, o que tiveram em comum é que não tentaram nos fazer, nós jovens vulneráveis, objetos a sua “imagem e semelhança”, ou seja, apesar do regime vigente, não nos se atreveram a nos doutrinar a favor ou contra o regime.
Graças a esses professores, saíamos do colégio sabendo mais do que ler e escrever, tínhamos conhecimento suficiente até para sermos professores já nessa fase da vida.
Da faculdade saímos com uma significativa visão de mundo, além do conhecimento técnico específico, o que nos proporcionava sermos cidadãos conscientes de nosso papel na sociedade e não seres alienados se julgando “reformadores do mundo”. Nunca tivemos essa pretensão. Tínhamos humildade herdada de nossos pais que se preocupavam em nos tornar materialmente mais confortáveis do que eles, mas não se julgando melhores do que o “resto das pessoas”.
Era uma época em que tínhamos que ser fortes porque eram “tempos difíceis”, havia muito a ser construído e ninguém estendia tapete vermelho para nós, simplesmente porque cada um tinha suas próprias dificuldades e não havia a mentalidade de soluções mágicas tiradas do rabo de “pensadores” que existe hoje.