ANGÚSTIA
Primeiro vem aquela torturante sensação de inapetência, seguida de revolta com tudo em derredor. Abraçados esses dois sentimentos em harmônica tristeza, insuportável se torna o desejo de chorar, de desabafar com urgência, de de rodas as maneiras tentar resolver logo a causa do problema ou até esquecer sua existência. A segunda alternativa se mostra totalmente impossível, nada ruim desaparece a impulso resolutivo, sem a explosão de nervos à flor da pele.
A angústia tem força de arrasa quarteirão, onda estrondosa e impetuosa arrastando tudo que estiver no seu caminho. Tem a impertinência de dor psicológica, o fardo de objeto caindo sobre a cabeça a toda hora, sem parar, à guisa do interminável e sofredor castigo de Sísifo. Ela só tenderá a desaparecer depois de passada a turbulência que a provocou.
Enquanto isso não acontece inexiste o que faça o angustiado sorrir, o corpo inteiro se une para imaginar como destruí-la, a vicissitude precisa ser debelada, esmagada de qualquer forma. De tão maligna há que ser derretida para não desestabilizar ainda mais a paz perdida no vórtice do vendaval. Quem passa pelas águas corrosivas da angústia tem apenas um anelo, vence-la.