"TECNOLOGIA SEM GESTÃO: O Dilema que Paralisa parte da Agricultura Brasileira"[1]

 

A agricultura brasileira está repleta de avanços tecnológicos, com maquinários de ponta e técnicas de produção modernas ao alcance dos produtores. Entretanto, muitos pequenos e médios agricultores ainda enfrentam desafios relacionados à gestão de suas propriedades. Isso acontece porque, embora a tecnologia de produção esteja amplamente disponível, a gestão eficiente ainda é um gargalo que precisa ser resolvido.

 

Embora seja importante destacar o esforço de algumas Empresas de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), que há décadas desempenham um papel fundamental na agricultura familiar e no desenvolvimento rural, ainda percebemos a insistência de algumas delas em modelos mais difusionistas. Existem Planos de Trabalho em que o posicionamento da instituição corrobora o que estamos afirmando, quando declaram que a metodologia tem como base: unidades de observação, demonstração de resultados, dias de campo, reuniões com palestras, dentre outras.

 

Por sua vez, o modelo do SENAR, com seu foco equilibrado em tecnologia e gestão, se destaca ao abordar uma lacuna importante: a falta de planejamento estratégico e organização financeira nas pequenas e médias propriedades. O exemplo das cooperativas do Paraná reforça como a gestão eficiente pode transformar o setor agrícola. Com um faturamento de R$ 202 bilhões em 2023 e perspectivas de crescimento para os próximos anos, essas cooperativas mostram que, além da tecnologia, é preciso uma forte estrutura gerencial para alcançar o sucesso.

 

Portanto, enquanto reconhecemos e valorizamos o trabalho das Empresas de Extensão Rural, é importante destacar que o futuro da agricultura brasileira depende de uma combinação equilibrada entre produção tecnológica e gestão eficiente. E é nesse ponto que programas como o ATeG do SENAR têm mostrado um caminho promissor, provando que a gestão estratégica pode ser o grande diferencial para o sucesso sustentável do campo.

 


[1] Engenheiro Agrônomo (UFCE), Especialista em Planejamento Agrícola (SUDAM / SEPLAN – Ministério da Agricultura), Pesquisador Sênior em Sistemas Agroflorestais (Embrapa – aposentado), Consultor em Sistemas Agroflorestais (MCA)