Inquieto

Lembro de ter acordado cedo no dia. Não tinha nada de especial para fazer, ironias da vida, quando tenho compromisso perco a hora. Acordei com as vias aéreas raspando, dava pra sentir o muco seco logo no começo da garganta perto do céu da boca. Levanto e vou ao banheiro e lavo as narinas com soro fisiológico. Forço bem e acabo conseguindo expelir o que parecia uma crosta espessa que cuspo na pia. É de um amarelo escuro e gruda na louça como cimento. É uma mistura de nojo e alívio. Inspiro fundo e meus pulmões se expandem a ponto de meus olhos lacrimejarem.

Olho o relógio da cozinha e não são nem oito e sei que não vou conseguir voltar a dormir. Preparo uma vitamina pra passar o tempo até começar o telejornal que assisto quando é possível.

Ligo a TV e assisto bebericando o suco letargicamente. Mais do mesmo na programação. Lá pras dez começo a preparar o almoço com pressa de um caramujo. Coloco o frango pra descongelar, separo arroz e coloco o feijão na pressão. Ouço o rádio pra fazer companhia e lembro do meu gato que morreu. Sinto saudades de tocar ele da cozinha quando subia na mesa.

A tarde era uma incerteza.

Rodrigo Margini
Enviado por Rodrigo Margini em 20/09/2024
Código do texto: T8156013
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