A SOLIDÃO DA MODERNIDADE
Ainda estou fazendo as reflexões do ano que passou. O que significa dizer que ainda não parei para pensar sobre o ano que acabou de entrar. E olha que já se passaram alguns dias. Mas, é que reflexões são feitas com calma, juntando e ordenando fragmentos, não descartando retalhos e nem deixando de fora os remendos.
Revi escritos, refiz caminhos anotados em substratos, me peguei rindo com cenas que só minhas lembranças conhecem o filme; outras vezes fiquei triste com cenas partilhadas e nem sempre agradáveis, entretanto o que mais me chamou a atenção foi à falta de contato entre as pessoas.
Sim. O homem inventa, constrói, evolui, torna o mundo uma aldeia global, se interliga para, simplesmente, se isolar, se fechar em si mesmo, se trancar com seu eu e apenas aparecer virtualmente. Interessante.
O ser humano, que nasceu para viver em sociedade, coletivamente, encontrou uma maneira de se tornar um ser individual, ausente do convívio dos seus pares, mesmo estando entre eles - e se transformou num eremita moderno, tecnologicamente, conectado com o mundo. Mas, e o contato pessoal, de calor e suor?
Está cada vez mais difícil de ter. Quando queremos ter contato com uma pessoa amiga, mandamos um e-mail, acessamos o MSN, fazemos uma ligação no celular, enviamos um torpedo. É comum vermos na rua duas pessoas falando – cada uma em uma calçada diferente e sem parar de andar – somente por gestos, numa mímica que entendemos como “liga prá mim”, “entre na net”, “passe um e-mail”, etc., como se fosse impossível atravessar a rua, ir ao encontro, perder cinco minutos do nosso tempo e sentir o calor do amigo, num abraço que nos faz humanos de novo. Nada! Fica mais fácil esperar para chegar à noite e ligar o computador.
E cada vez mais ficamos viciados nisso. É claro que a violência, a falta de segurança e a nossa própria falta de vontade – proveniente do stress moderno – também ajudam, nos empurrando cada vez para a clausura de nossa fortaleza, melhor, do nosso quarto com ar – no mínimo, ventilador -, TV, telefone e computador. Lá, nós falamos com o nosso rol de relacionamentos, conhecemos novos amigos, e muitos até namoram, inclusive, já é comum casamento proveniente do mundo virtual. Isso tudo sem precisar sair de dentro de casa, do seu quarto. Sem contato real.
O curioso nessa história é que se cria a ilusão de se estar falando com uma pessoa de verdade e não com uma máquina, e até interpretamos a escrita digitada como se fosse audível e é comum pedirmos para que a pessoa “fale mais baixo” – quando se digita com letras de forma ou caixa alta – que não somos surdos. Engraçado isso.
Outro dia chegaram para mim e disseram que a moda agora era namorar via internet, pois não tinha o perigo de contrair DST’s, ou seja, o bom e velho amasso, com beijo dado na boca – que cria sapinhos na língua – era coisa do passado. Fiquei surpreso!
Por isso é que vemos tantas salas de bate papos lotadas, com gente de todas as idades, de todos os níveis e classes sociais, a procura de encontrar a sua alma gêmea com a configuração – desculpem! Com o perfil que mais se encaixe ao seu gosto e preferência. Aliás, é aí onde mora o perigo – não o de doenças contagiosas –, mas o de comprar gato por lebre. É claro! O mundo virtual é também um mundo de sonhos, onde as mulheres são loiras, corpo escultural, nunca chegam aos trinta e, os homens, são morenos e atléticos, acima de um e oitenta, olhos azuis e empresários bem sucedidos. Nesses casos, a contaminação não se dá por DST, mas por vírus e, assim como no contato humano, é preciso remédio, melhor, antivírus para que se cure do mal contraído.
Enfim, minhas reflexões me levam a pensar que se faz necessário a volta do bom e velho dialogo cara a cara, o aperto de mão, o olhar no olhar, a transmissão da química intensa do sentimento, do abraço dado sem medo, do namoro a moda antiga – onde no máximo se enviava bilhete ou carta – e da fraternidade coletiva dos encontros entre os amigos.
Ainda estou fazendo as reflexões do ano que passou. O que significa dizer que ainda não parei para pensar sobre o ano que acabou de entrar. E olha que já se passaram alguns dias. Mas, é que reflexões são feitas com calma, juntando e ordenando fragmentos, não descartando retalhos e nem deixando de fora os remendos.
Revi escritos, refiz caminhos anotados em substratos, me peguei rindo com cenas que só minhas lembranças conhecem o filme; outras vezes fiquei triste com cenas partilhadas e nem sempre agradáveis, entretanto o que mais me chamou a atenção foi à falta de contato entre as pessoas.
Sim. O homem inventa, constrói, evolui, torna o mundo uma aldeia global, se interliga para, simplesmente, se isolar, se fechar em si mesmo, se trancar com seu eu e apenas aparecer virtualmente. Interessante.
O ser humano, que nasceu para viver em sociedade, coletivamente, encontrou uma maneira de se tornar um ser individual, ausente do convívio dos seus pares, mesmo estando entre eles - e se transformou num eremita moderno, tecnologicamente, conectado com o mundo. Mas, e o contato pessoal, de calor e suor?
Está cada vez mais difícil de ter. Quando queremos ter contato com uma pessoa amiga, mandamos um e-mail, acessamos o MSN, fazemos uma ligação no celular, enviamos um torpedo. É comum vermos na rua duas pessoas falando – cada uma em uma calçada diferente e sem parar de andar – somente por gestos, numa mímica que entendemos como “liga prá mim”, “entre na net”, “passe um e-mail”, etc., como se fosse impossível atravessar a rua, ir ao encontro, perder cinco minutos do nosso tempo e sentir o calor do amigo, num abraço que nos faz humanos de novo. Nada! Fica mais fácil esperar para chegar à noite e ligar o computador.
E cada vez mais ficamos viciados nisso. É claro que a violência, a falta de segurança e a nossa própria falta de vontade – proveniente do stress moderno – também ajudam, nos empurrando cada vez para a clausura de nossa fortaleza, melhor, do nosso quarto com ar – no mínimo, ventilador -, TV, telefone e computador. Lá, nós falamos com o nosso rol de relacionamentos, conhecemos novos amigos, e muitos até namoram, inclusive, já é comum casamento proveniente do mundo virtual. Isso tudo sem precisar sair de dentro de casa, do seu quarto. Sem contato real.
O curioso nessa história é que se cria a ilusão de se estar falando com uma pessoa de verdade e não com uma máquina, e até interpretamos a escrita digitada como se fosse audível e é comum pedirmos para que a pessoa “fale mais baixo” – quando se digita com letras de forma ou caixa alta – que não somos surdos. Engraçado isso.
Outro dia chegaram para mim e disseram que a moda agora era namorar via internet, pois não tinha o perigo de contrair DST’s, ou seja, o bom e velho amasso, com beijo dado na boca – que cria sapinhos na língua – era coisa do passado. Fiquei surpreso!
Por isso é que vemos tantas salas de bate papos lotadas, com gente de todas as idades, de todos os níveis e classes sociais, a procura de encontrar a sua alma gêmea com a configuração – desculpem! Com o perfil que mais se encaixe ao seu gosto e preferência. Aliás, é aí onde mora o perigo – não o de doenças contagiosas –, mas o de comprar gato por lebre. É claro! O mundo virtual é também um mundo de sonhos, onde as mulheres são loiras, corpo escultural, nunca chegam aos trinta e, os homens, são morenos e atléticos, acima de um e oitenta, olhos azuis e empresários bem sucedidos. Nesses casos, a contaminação não se dá por DST, mas por vírus e, assim como no contato humano, é preciso remédio, melhor, antivírus para que se cure do mal contraído.
Enfim, minhas reflexões me levam a pensar que se faz necessário a volta do bom e velho dialogo cara a cara, o aperto de mão, o olhar no olhar, a transmissão da química intensa do sentimento, do abraço dado sem medo, do namoro a moda antiga – onde no máximo se enviava bilhete ou carta – e da fraternidade coletiva dos encontros entre os amigos.
Obs. Imagem da internet