A Casa dos Sonhos e o Destino
Em um sonho antigo, eu vi uma casa pequena, um refúgio modesto onde a segurança se aninhava e a simplicidade florescia. Era um lar não de extravagâncias, mas de aconchego genuíno. Ali, os objetos de arte e os sonhos, embalados em loucura inocente, encontravam seu espaço e tempo para existir.
O jardim era um poema em si, onde manacás-da-serra se erguiam com a majestade silenciosa de uma pintura, e a grama amendoim, com suas flores amarelas, enchia o ambiente de uma simplicidade quase infantil, mas profundamente verdadeira. O quintal, um pedaço de terra prometido, abrigava pitangueiras e jabuticabeiras, uma mangueira coquinho e um mamoeiro, todos cuidando de uma horta que prosperava como um segredo bem guardado.
O cachorro pequeno, leal e afetuoso, corria livre entre os espaços, e uma cerca baixa, pintada de vermelho vibrante, contornava o domínio. A madeira, simples e resistente, permitia que eu visse os vizinhos acenando de lá fora, seus bons dias se tornando parte de uma rotina encantadora.
No coração dessa casa, meu amor se posicionava com a graça e a autoridade que lhe eram naturais. Ela governava seu mundo com um toque de ternura e poder, amando-me do jeito que eu era, querendo-me para sempre ao seu lado. Sua presença era um cântico de aceitação e desejo, um refúgio no qual me sentia completo e desejado.
Mas, como os destinos muitas vezes fazem, o caminho se desviou, mudando o curso da minha história. A casa dos sonhos e os dias simples, os jardins e os amores, tornaram-se apenas fragmentos de uma memória que o destino decidiu reescrever. O que era para ser um paraíso particular agora se desfez nas mãos implacáveis do tempo.
No entanto, mesmo com a mudança, a essência do sonho permanece: a lembrança do que poderia ter sido, o perfume das flores imaginárias, e o amor que, embora moldado por destinos diferentes, ainda ecoa na eternidade dos meus pensamentos.