"A HIPÓCRITA FLÂMULA BRASILEIRA" Crônica de: Flávio Cavalcante

A HIPÓCRITA FLÂMULA BRASILEIRA

Crônica de:

Flávio Cavalcante

O erro já começa estampado nas corres da nossa bandeira. Muito linda; mas não condiz com a nossa realidade. Hipocrisia, pura hipocrisia. Amarrado a um hino que completa a confirmação da mentira e ainda impõe ao povo brasileiro a pôr a mão no peito em sinal de respeito e amor à esta pátria que não tem o mínimo de respeito por aquele que é tratado de aquilo, pelos parlamentares que se dizem representantes de toda uma nação.

Como pode uma nação que se diz “democrática” impor respeito a um povo se ela mesma não se dá o respeito?

O verde das nossas florestas? Só se for o verde do dinheiro que corre pelas mãos sujas de quem deveria cuidar delas. O amarelo, símbolo das nossas riquezas? Está aí, reluzente... nas contas bancárias dos corruptos, porque o ouro mesmo o povo só vê na novela. E o azul do céu? Esse é livre... livre de oportunidades pra quem nasceu sem a estrela da sorte na testa. Mas não podemos esquecer o branco da paz, esse sim é a maior piada. Paz? Em um país onde a violência é o pão de cada dia, onde os inocentes pagam o preço dos privilégios de poucos.

Ah, o hino! Aquele belo poema que todos são obrigados a entoar com fervor, mesmo que suas palavras só façam sentido nas bocas dos poderosos. “Verás que um filho teu não foge à luta...” Claro, porque quem pode foge do país! A luta fica pra quem não tem outra opção, pra quem está na fila do SUS ou no metrô lotado às 6 da manhã.

E põe a mão no peito, com orgulho, enquanto assiste o Brasil ser vendido aos pedaços e os que nos "representam" não cansam de nos representar... só que na cadeia! Isso sim é o verdadeiro espírito nacional: a hipocrisia cravada em cada fio da nossa bandeira. E o mais irônico é que ainda querem nos convencer de que o Brasil é o país do futuro. Futuro de quem? De meia dúzia de privilegiados, que conseguem um "jeitinho" pra viver bem à custa do suor dos outros? Porque o futuro do povo parece ser sempre o mesmo: esperar. Esperar a próxima eleição pra trocar o ladrão de terno, esperar o salário mínimo que não dá nem pra comer direito, esperar o ônibus que nunca chega e o milagre que nunca acontece.

Olhamos para essa bandeira e, se formos sinceros, o lema “Ordem e Progresso” poderia muito bem ser trocado por “Desordem e Retrocesso”. Afinal, o que mais vemos por aqui é a ordem de quem manda e o progresso que passa longe da vida de quem trabalha. E, quando alguém levanta a voz pra apontar a bagunça que está, logo tentam silenciar, porque não convém a verdade numa nação que vive da aparência.

Mas o show tem que continuar, né? Vamos todos bater palminhas para os heróis que fazem as mesmas promessas a cada quatro anos, enquanto as cores da nossa bandeira vão desbotando de tanto serem manchadas pela hipocrisia.

Flávio Cavalcante

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 16/09/2024
Código do texto: T8153174
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