A MOSCA NO CABELO DA IDOSA
A primeira coisa irritante que vi na padaria foram algumas moscas varejeiras nojentas pousadas sobre as guloseimas. Ao mesmo tempo notei que o pão de fermentação natural de minha preferência estava protegido num fiteiro coberto por vidro. Enquanto me dirigia à prateleira coberta, vi a moça posicionada diante da balança, fechei o semblante e tornei a deitar os olhos nos produtos desprotegidos, percebendo que as moças continuavam espalhando sua sujeira tranquilamente nos alimentos.
Apressando-me na direção da jovem funcionária, comuniquei a ela sobre a incômoda presença das varejeiras na comida e fui surpreendido com essa resposta: " alguns clientes já reclamaram delas, eu repassei o caso para a gerência mas eles nada disseram nem tomaram qualquer providencia." Indignado, garanti que iria pessoalmente reclamar com o responsável. Pelo ar cético dela, concluí que não adiantaria.
Furioso, virei me com intenção de sair e fui surpreendido com a mão dela sobre meu ombro e o sussurrar de sua voz dizendo algo e ao mesmo tempo sorrindo. Vendo meu olhar de desentendido, a garota repetiu. Foi quando aquiesci, dobrei o rosto para confirmar suas palavras. De fato era verdade e engraçado, a senhora de brancos cabelos lisos acabara de chegar às proximidades trazendo sobre a cabeça duas moscas varejeiras que preferiram abandonar bolos, tortas e outros petiscos expostos para aterrissar sobre o impecável penteado chanel chamativo da mulher. Rindo disfarçadamente, verifiquei que as moscas não saíram da cabeça branca da mulher o tempo todo de sua permanência na padaria. Seriam mais gostosos do que as guloseimas?