ALHO & BUGALHO
Francisco de Paula Melo Aguiar
Alho & bugalho é fazer ilação, a exemplo de comparação política, literária, jurídica, administrativa, poética, perfil de uma pessoa com outra, cultura, o tempo com outro tempo, etc.
Algo fora de contexto, porém, querendo agradar o ego de alguém superior ou inferior a comparação.
Tudo e todos são desiguais em versos e prosas, diante da visibilidade comparada.
Nem se compara o comportamento animal racional com o comportamento animal irracional daqui ou de lá. Eles são e continuam sendo únicos e desiguais.
No passado, até os fins do século XIX, manter escravos era símbolo de grandeza e de prestigio social, gente da classe do quero, do posso e do mando, coisa de gente rica.
Tanto era assim que "pode-se admitir que os colonos mais considerados são os senhores de engenho; de um lado, porque suas plantações se encontram, em geral, na vizinhança da costa, nas regiões onde a população é mais densa, nos lugares onde a cultura é mais antiga; de outro, porque elas exigem maiores despesas com instrumentos, móveis e escravos. Entretanto, encontra-se entre êles menos originalidade e menor simplicidade de costumes que entre os colonos do interior, pois, na sua maioria, vivem, nas cidades marítimas, com um luxo europeu. Ordinàriamente tira-se um triplo rendimento das fazendas de cana. Em primeiro lugar, parte da propriedade é formada por grandes florestas que fornecem a madeira, de consumo sempre considerável; outra parte é destinada à plantação pròpriamente dita; uma terceira divisão é especialmente reservada à cultura dos cereais e das árvores frutíferas de tôda espécie com que se provê à alimentação dos habitantes da colônia. Finalmente, além dessas três secções, ainda existe uma especialmente afetada aos escravos. Com tudo isso, sobra quasi sempre uma vasta extensão de terra sem nenhuma cultura, pois, quando as fazendas são grandes, poucos colonos há que possuam número suficiente de escravos, ou sejam bastante ricos para explorá-la por inteiro", segundo nos relata João Maurício Rugendas, in.: Viagem pitoresca através do Brasil. Tradução e notas de Sérgio Milliet. São Paulo (SP): Livraria Martins, 1940, p. 139. (Transcrevemos com a ortografia da época).
Ainda assim, alho & bugalho se encontra na riqueza sem motivo e na pobreza com motivo (corrupçãoativa e corrupçãopassiva), no discurso dos parlamentos e dos palanques armados com a matéria prima das ciências ocultas e das letras apagadas de início, meio e fim das campanhas políticas de todas ideologias e religiosidades assistentes e presentes a olho nu, onde a escravidão não era vista com desrespeito à dignidade humana ao manter sobre suas vistas os livres e os escravos servindo ao mesmo Deus.
Um absurdo! Onde ficava e ou a ideia que o homem é a imagem de Deus?
E ainda assim, o tempo histórico é como o bojo sanitário, fede e não encomoda ao seu tempo e encomoda o tempo todo e está presente em todo ser animal, um exemplo disso era ter prestigio até 13 de maio de 1888 quem tivesse escravos em casa e no campo de trabalho nas fazendas e engenhos, inclusive em engenhos das irmandades e congregações religiosas, por exemplos. Os beneditinos no Engenho Maraú, e os Carmelitas no Engenho Itapuá, ambos na Paraíba do século XIX, enquanto atualmente, isto representa crime e falta de prestigio.
Então o que é alho & bugalho?