ME CONTA

Francisco de Paula Melo Aguiar

O imaginário popular é "sábio", porque mato tem olho e parede ouvido.

E isto é surreal mesmo, mato enquanto árvore tem olho e parede enquanto de casa ou qualquer edificação tem ouvido ou buraco provocado por prego batido sem ponta virada e ou por pancada contra a mesma.

Agora o prego batido e ponta virada, a coisa fica difícil de fazer buraco análogo ao ouvido humano vertical ou horizontal aos nossos possíveis e impossíveis entendimentos.

Ah! Parede esburacada é o que entra por um ouvido e sai pelo outro, porque as pessoas ouvem tudo e só escutam o que querem escutar.

É semelhante a pregação no deserto para ninguém escutar, salvo o eco que retorna aos nossos ouvidos, o barulho sem nexo ou bem ou mal interpretado pelos ouvintes.

Não basta ouvir é preciso escutar, assim como não basta ler, é preciso ouvir e pensar, refletir porque "é nisto que penso que os grandes leitores podem enganar-se. Presume-se que aqueles que leram de tudo também entendem tudo, mas nem sempre é assim. Ler apenas fornece à mente materiais de conhecimento, mas é ao pensarmos que se torna nosso o que lemos. Somos do tipo ruminante e não basta abarrotarmo-nos com uma grande quantidade de coleções; a menos que as mastiguemos novamente, não nos vão dar nem força, nem nutrição. Existem, de fato, nalguns escritores, exemplos visíveis de pensamentos profundos, raciocínio minucioso e agudo e ideias bem desenvolvidas. A luz que eles dariam seria de grande utilidade, se o seu leitor os observasse e os imitasse; tudo o resto, na melhor das hipóteses, não passa de detalhes adequados a ser transformados em conhecimento; mas isso só pode ser feito através da nossa própria meditação e examinando o alcance, a força e a coerência do que é dito; e então, o que apreendermos e virmos da ligação das ideias é nosso; sem isso, há apenas matéria solta a flutuar no nosso cérebro", e até porque "a memória pode ser armazenada, mas o julgamento pouco melhora e o grau de conhecimento não aumenta por sermos capazes de repetir o que outros disseram, ou de reproduzir os argumentos que neles encontramos. Um conhecimento como este é apenas conhecimento de ouvir dizer, e a sua ostentação é, na melhor das hipóteses, apenas falar de cor e, muitas vezes, com base em princípios fracos e errados. Pois nem tudo o que se encontra nos livros é construído sobre verdadeiros fundamentos, nem é sempre corretamente deduzido dos princípios sobre os quais se pretende que tenha sido construído", segundo o filósofo e médico inglês John Locke (1632 —1704), que é conhecido como o "pai do liberalismo", in.: “An Essay concerning Human Understanding, Part 2 and Other Writings“ (1689), salvo melhor juízo em termo de tradução e visão de mundo.

O que estão dizendo hoje por aí?

O que está certo?

O que está errado?

Então, ter solidariedade na derrota tem o mesmo peso de não tê-la na vitória, em nada o mato tem olho e a parede tem ouvido, contribuiu para isto ou aquilo acontecer, não obstantes os fakes conectados de plantão em cada rede social e esquinas do mundo para ouvir, contar e descontar o que viu e o que não viu para ser ovacionado ou aceito pelos ouvintes que não escutam ninguém.

É o mesmo que ler a Bíblia Sagrada de ponta à ponta e continuar a mesma pedra bruta que não aceita polimento, igual a papel de enrolar prego.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 15/09/2024
Reeditado em 15/09/2024
Código do texto: T8151897
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