DIÁRIO DE UM DEPRESSIVO

Acordei hoje e a única coisa que me fez pensar em sair da cama foi a certeza de que a solidão é um abraço que nunca termina. Um abraço frio, pesado, que me envolve e me sufoca. Acordei com a sensação de que a vida se resume a um ciclo interminável de tarefas e obrigações, uma engrenagem que gira sem parar, sem tempo para respirar, sem tempo para sentir.

A cada dia que passa, me sinto mais distante de mim mesmo. A máscara que uso para o mundo se torna cada vez mais pesada, uma armadura que me protege da dor, mas também me impede de ser quem realmente sou. A máscara me faz sorrir quando quero chorar, me faz falar quando quero gritar, me faz fingir que estou bem quando estou desmoronando por dentro.

A solidão é um monstro que se alimenta da minha fragilidade. Ele se esconde nas sombras, esperando o momento certo para atacar. Ele me sussurra que ninguém se importa, que sou um fardo para todos, que não mereço ser amado. E eu, fraco e desamparado, acredito.

Às vezes, a dor é tão intensa que me sinto preso em um pesadelo. É como se estivesse afogando em um mar de angústia, sem ar, sem esperança. A única coisa que me resta é a vontade de gritar, de me debater, de tentar escapar da escuridão que me envolve.

Mas o grito se torna um sussurro, o debater se torna um tremor, e a vontade de escapar se transforma em um desejo de desaparecer. A dor é um peso que me leva para baixo, me afunda cada vez mais fundo no poço da desesperança.

A vida moderna é uma máquina implacável, que exige que sejamos eficientes, produtivos, competitivos. Somos constantemente bombardeados por informações, imagens, sons, que nos impedem de parar, de respirar, de sentir. Somos transformados em robôs, programados para funcionar sem falhas, sem emoções, sem alma.

Mas a alma existe, mesmo que a gente tente enterrá-la sob camadas de aço e concreto. A alma é a chama que ainda arde dentro de nós, ainda que fraca, ainda que ameaçada de se apagar. A alma é a esperança que nos permite acreditar que a vida pode ser mais do que um ciclo de tarefas e obrigações.

A dor é real, a solidão é real, a angústia é real. Mas a vida também é real, e ela pulsa dentro de nós, mesmo que a gente não consiga senti-la. A vida é um presente, mesmo que a gente não saiba como recebê-lo.

O silêncio é um grito de socorro. É a maneira que encontramos para expressar o que não conseguimos dizer em palavras. É a forma que encontramos para pedir ajuda, mesmo que a gente não saiba como.

A dor é um fantasma que nos assombra, mas a vida é um presente que podemos escolher abraçar. A vida é um dom, mesmo que a gente não saiba como agradecer. A vida é um caminho, mesmo que a gente não saiba para onde ele leva. A vida é uma jornada, mesmo que a gente não saiba como chegar ao fim.

Lírio Reluzente
Enviado por Lírio Reluzente em 14/09/2024
Código do texto: T8151684
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