A VOZ
Claúdia era uma moça fascinada por voz. Nos seus sonhos de adolescente ela prestava atenção nas vozes dos atores de cinema e por coincidência, os homens mais bonitos e elegantes eram os que tinham a voz mais agradável.
O gosto de Claúdia por vozes belas era tanto, que se o rapaz não tivesse "aquela voz" não tinha a menor chance com ela.
Não foi por acaso, que a moça na época de escolher o curso a fazer a Faculdade, nem titubeou: Foi estudar Fonodiaulogia.
Na Universidade, conheceu vários pretendentes, mas por incrível que pareça nenhum tinha uma voz bonita.
Formou-se e começou a atuar na àrea em um consultório que dividiu com algumas colegas.
Um sábado à noite ( todo mundo espera algo de um sábado ä noite), solitária resolveu inscrever-se em um aplicativo de relacionamento.
Alguns perfis chegaram a interessa-la. Mas uma coisa era certa: ela tinha que ouvir a voz do seu futuro namorado, antes de marcar qualquer encontro.
Conversou com três candidatos, e detestou a voz de todos eles.
A semana iniciou e ela continuou exercendo seu trabalho com crianças com dificuldades de fala.
Na quarta-feira, entediada vasculhou o aplicativo de namoro e qual não foi sua surpresa tinha um match no seu perfil.
E pela foto o moço passava no teste, era moreno, alto, bonito e é claro que devia ser sensual, pensou Claúdia. Só faltava ouvir a voz para marcar o date.
Tomou coragem e enviou uma mensagem para o belo homem moreno. Parecia até que já o conhecia de algum lugar...De onde seria?...
Falou com o rapaz pelo telefone e sua voz era perfeita: suave e máscula e ao mesmo tempo passava ternura e personalidade.
Marcaram um encontro para o sábado seguinte. Ele pediu que ela sugerisse o local. Ela encantada disse que gostava de comida japonesa.
O sábado chegou, ela se arrumou tirando umas dez roupas do armário, para finalmente escolher um pretinho básico.
Exalando perfume francês e autoconfiança adentrou ao salão oriental do restaurante escolhido.
Procurou pelo rapaz da foto e nada...Não tinha ninguém nem parecido com ele...!
De repente, alguém tocou no seu ombro chamando-a pelo nome.
Era um senhor bem idoso, careca e caminhava com auxílio de uma bengala.
Já a VOZ era a mesma do telefone. Ela sem entender, já furiosa perguntou ao senhor: Quem é você, afinal?
Ele sorrindo respondeu: "Eu sou o dublador do George Clooney. Prazer, meu nome é Ari."
Ela muito decepcionada voltou para casa com fome e de táxi e imediatamente cancelou seu perfil no aplicativo e pensou que nunca mais iria se importar com uma voz.
Como poderia ser isto? Ela era Fonoaudióloga...!
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