DEVOLVAM A MINHA MULHER!
A vida, matreira como ela só, acaba transformando aquela mulher escolhida para a caminhada, trazendo novos contornos e guloseimas. Faz isso com louvável habilidade, pouco a pouco, de forma que nem notamos as mudanças do plano de voo. Quando nos damos conta, constatamos que a perdemos e ganhamos uma nova mãe, que passa a exercer a maternidade com todos brilhos, protocolos e trejeitos. Não sei se essa métrica se aplica a todos. No meu caso, é assim que a banda toca. Não nego que ter alguém com esse perfil do lado traz certos prazeres, preenchendo inclusive o vazio causado pela partida da mãe original. Por outro lado, dá certa fissura a falta daquela mulher de outrora, com a qual trocávamos suores e gozos. O tempo vai desfigurando coisas da gente, chutando longe alguns ímpetos que vigoravam com saudoso vigor, dando lugar aos temperos da envelhecência. De vez em sempre dá saudade daquela figura inicial, repleta de encantos e certa libertinagem, que agora é paisagem distante e lamentavelmente silenciosa.